|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Política de ocupação
BRASÍLIA - Antes, falava-se no "aparelhamento" do Incra, o órgão do governo federal que se espalha pelos Estados para operacionalizar a reforma agrária. Ou seja: a nomeação de
pessoas muito ligadas ao MST para
as diretorias e chefias que, até onde a
gente sabia, deveriam ser neutras.
Agora, já se fala abertamente na
"petização" do Banco do Brasil, uma
instituição que acaba de anunciar lucro líquido de R$ 1,07 bilhão no primeiro semestre. Afora o presidente,
Cássio Casseb, profissional escolhido
no mercado, o resto é todo do PT ou
ligado ao partido.
A queixa caberia bem se partisse
dos partidos de oposição, ou só deles.
Mas é cada vez mais disseminada entre os próprios aliados. Em sua maioria, reclamam de discriminação. Alguns assistem até a seus já mirrados
cargos escorrendo para o PT.
No PPS, sempre forte no BB e no
sindicalismo bancário, o tom não é
de amigos: "Sanha de aparelhamento" é o mínimo que diz o deputado
distrital Augusto Carvalho (DF).
No PTB, o líder Roberto Jefferson
(RJ) não poupa: "Diziam que o PFL
era fisiológico, mas é porque nunca
tinham visto o PT no poder. Não sobra pra ninguém".
No PSB, a turma anda meio caladona, mas partiu de lá um cáustico
carimbo no PT: "partido da boquinha". Quem disse foi o atual secretário Anthony Garotinho. O PSB tenta
esquecer tanto o autor quanto o carimbo. Mas eles existem...
Agora vale a pena sondar o que anda acontecendo na Petrobras, na
CEF e nos órgãos mais poderosos para saber se a promessa de Lula está
sendo mantida: a de que, em seu governo, não haveria "verticalização".
Bem traduzido, significava: "Todos
vão ter sua fatia".
Na prática, o PT só vem tentando
fatiar mesmo as reformas tributária
e trabalhista. Quando o papo é cargo, o bolo fica inteiro. Depois de décadas na oposição, a fome é muita.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O BC de um olho só Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Esperança e desespero Índice
|