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MENOS COMPETITIVO
O Brasil ficou menos competitivo, de acordo com o "Relatório Global de Competitividade", do
Fórum Econômico Mundial. O país
caiu no ranking global de competitividade da 54ª posição, em 2002, para
a 57ª, em 2003. Essa queda parece indicar que, a despeito de uma melhora em alguns indicadores, tais como
a queda na taxa de juro básica, superávit na balança comercial e redução
do risco-país, a economia brasileira
ainda não conseguiu avançar na sustentabilidade do crescimento.
A Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) e a Fundação Dom Cabral também apresentaram dados sobre competitividade de
1997 a 2001, seguindo outros critérios metodológicos. Aqui também
houve piora, passando o Brasil da 37ª
para a 39ª posição ao longo do período. As causas foram as baixas taxas
de introdução de progresso técnico,
o crédito restrito e caro, a onerosa
carga tributária, além das carências
de infra-estrutura física (portos, estradas, energia) e empresarial (telecomunicações, computadores etc.).
Os dois estudos demonstram que
muitas decisões ainda precisam ser
tomadas com vistas a assegurar melhor ambiente para o crescimento
sustentado e a ganhos de competitividade dos produtos brasileiros que
disputam mercado no exterior.
Isso se torna ainda mais relevante
quando se constata que a rentabilidade das exportações brasileiras caiu
nos últimos meses, segundo informações da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex).
Essa queda está associada à valorização do real, mas também foi provocada pela elevação de custos. De janeiro de 2003 a agosto deste ano, o
índice de rentabilidade das exportações caiu 11,3%, o que não impediu
que o volume exportado pelo Brasil
aumentasse 60,8%, puxado pelo
aquecimento da demanda global.
O menor rendimento não deve provocar problemas para a balança comercial, pelo menos no curto prazo,
dado o dinamismo da economia e do
comércio global. Por um lado, as exportações tornaram-se estratégicas
para as empresas. Por outro lado, a
valorização do real diminui os custos
dos componentes importados, o que
pode auxiliar o balanço das empresas. Além disso, a valorização do euro em relação ao dólar ajuda a aumentar a competitividade do produto brasileiro no mercado europeu.
De todo modo, para as exportações
brasileiras crescerem a um ritmo
mais forte, podem surgir pressões
para que a taxa de câmbio não se
mantenha tão desvalorizada. Por
ora, no entanto, os resultados continuam animadores -e não é improvável que os dados de competitividade deste ano venham a se mostrar
melhores. Entre janeiro de 2003 e junho de 2004, as exportações subiram
29,8% em comparação com os 18
meses anteriores, pouco acima da
média das economias em desenvolvimento, de 28,1%.
Um outro aspecto a ser ressaltado é
que, nas atuais circunstâncias, com a
cotação do dólar e o risco-país mantendo-se relativamente baixos,
abrem-se perspectivas para que o Tesouro compre dólares e eleve as reservas internacionais. Dessa forma,
as autoridades podem monitorar o
nível da taxa de câmbio e reforçar a
proteção contra eventuais oscilações
financeiras internacionais, dando
um passo importante para consolidar a redução da vulnerabilidade externa da economia brasileira.
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