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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Mais do que nunca, educação!
Reunindo dados de vários estudos realizados ao longo de 1980-2000, o IBGE concluiu que, na área social, o Brasil andou para trás. Os números são dramáticos. No período,
perdemos cerca de 2 milhões dos nossos irmãos em mortes violentas -acidentes de trânsito e homicídios.
Só em homicídios foram cerca de
600 mil perdas! No cenário mundial, o
Brasil é tido como uma nação pacífica.
No cenário interno, é, sem dúvida, um
país em estado de guerra. Basta ver a
escalada da guerrilha urbana no Rio
de Janeiro e das guerrilhas rurais nas
propriedades do campo. Foi chocante
a fotografia exibida em "O Estado de
S. Paulo" de 15/4 na qual um pobre fazendeiro, isolado em sua própria casa,
teve de levantar trincheiras para se defender dos tiros dos que, não satisfeitos com a invasão da propriedade,
destroem bens e vidas humanas.
Quem investe em um país onde não se
respeita o direito de propriedade?
É claro que, por trás de tudo, há uma
causa muito séria que é o baixo nível
educacional do nosso povo. Em pleno
século 21, o Brasil tem ainda 15 milhões de pessoas (com mais de 15 anos
de idade) que não sabem ler nem escrever.
Mais grave é saber que 32 milhões de
brasileiros são "analfabetos funcionais", ou seja, não dominam as operações aritméticas e não entendem o que
lêem. E entre os que estão na escola,
dois terços estão defasados por terem
iniciado a escola tardiamente ou por
terem sido reprovados uma ou mais
vezes; no Nordeste, isso chega a 84%!
Sem educação não há esperança. Os
próprios dados indicam isso. As pessoas pouco educadas amargam longos períodos de desemprego na atual
sociedade de conhecimento, cujos trabalhos exigem mais neurônios do que
músculos.
A educação é a mola do progresso. A
sua falta é a causa do atraso. Vejam este dado: as meninas que têm menos de
oito anos de estudo são as mais atingidas por gravidez indesejável e também as que mais perdem seus filhos
por doenças banais. É isso mesmo. A
mortalidade dos filhos de mães pouco
educadas é mais do que o dobro das
que têm mais educação.
Os dados do IBGE revelam que, em
2002, havia cerca de 300 mil crianças
perambulando pelas vias públicas em
completo abandono, expostas ao crime e à prostituição infantil. Isso em
um país tão rico como o Brasil.
Não, ninguém pode se conformar
com tamanha vergonha. Com tanta
terra, água, sol e recursos naturais, o
Brasil não deveria exibir tamanha deterioração social.
Temos de virar esses números, especialmente os da educação, que é fundamental para sonharmos com qualquer tipo de espetáculo, seja ele de
crescimento, de progresso social, de
respeito mútuo ou de paz nos lares.
Nesse campo, é imperioso manter a
continuidade e a persistência de trabalho, pois nada acontecerá por milagre,
de um dia para outro. Temos de ser
ousados e corajosos. Precisamos cortar na carne tudo o que for necessário
para educar bem os professores, equipar adequadamente as escolas e garantir bolsas de estudo para as crianças que abandonam os estudos por
motivos econômicos. Essa é a única
maneira de garantir dados diferentes
para o IBGE publicar em 2025.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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