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CARLOS HEITOR CONY
Solução final
RIO DE JANEIRO - Semana de lascar esta que passou. O MST cumprindo o
que prometeu neste abril que considera vermelho, vermelho também
aqui nas bandas do Rio, com a guerra da Rocinha, um enorme naco da
cidade paralisado pelo medo, sem
sair de casa, as ruas desertas em quase toda a zona sul, escolas fechadas e
ainda por cima o pranto de arrependimento do Waldomiro Diniz, pedindo desculpas pelo que fez.
Como Jack, o Estripador, vamos por
partes: o MST não é novo, sua causa é
velha, vem desde o tempo das capitanias hereditárias, que criaram o latifúndio e mantiveram o campo em regime feudal até agora.
A guerra na Rocinha também não é
nova, formalizou-se nos últimos
anos, em batalhas menores, distribuídas nas favelas também menores
do Rio. Mas a questão é a mesma:
briga de bandos nos morros, vítimas
de todos os lados, impotência policial
para deter os focos de violência, que
se reproduzem mecanicamente, uma
célula morrendo, mas dando nascimento a outra, tal como na lei de
Mendel, se não estou enganado.
E, por cima de tudo, os dados do IBGE sobre a violência em geral, o número de crimes e assassinatos, que
cresceu mais de 100% nos últimos
anos.
Não adianta discutir as causas. No
fundo, sabemos que as condições miseráveis, o desemprego brutal e os
guetos urbanos geram violência,
sempre geraram violência ao longo
da história, em todos os quadrantes
da Terra. Enquanto a sociedade humana não encontrar um jeito de eliminar a causa, o efeito continuará,
cada vez mais devastador.
Numa hora dessas, o que sobra é
mesmo a solução proposta pelo presidente da República: exorcizar o Diabo, apelar para Deus, roer unhas, fazer figa com os dedos e torcer pela vitória do Corinthians.
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