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Editoriais
Mais uma greve
AS PARALISAÇÕES sucessivas
de professores decerto
não constituem o único
fator a perturbar as já deficientes
aulas na rede estadual de ensino
de São Paulo. A elas devem somar-se um nível absurdo de absenteísmo docente, da ordem de
12,8% (ou quase 30 mil mestres
fora de classe a cada dia), e a troca constante de professores. Só
em 2008, um contingente de 51
mil dos 130 mil professores efetivos já se transferiu de escola.
Não há plano de ensino que resista a tanta conturbação do cotidiano escolar. Apesar disso, a
Apeoesp (sindicato dos professores) não hesita em prejudicar os
alunos com uma nova greve, como a declarada na sexta-feira.
Nos primeiros dias de paralisação, uma ínfima parcela dos 230
mil mestres da rede aderiu ao
movimento paredista.
Os grevistas pretextam mais
uma vez defender as condições
de trabalho e a qualidade do ensino. Na prática, usam o estorvo
impingido aos pais e estudantes
como ferramenta de pressão sobre o governo do Estado para alcançar metas corporativistas estreitas. Sempre defenderam o
duvidoso direito de continuar
faltando, em média, 32 dias por
ano. Agora reivindicam a manutenção do privilégio de transferir-se a qualquer tempo.
A greve é reação ao decreto nº
53.037, baixado em 28 de maio
pelo governador José Serra
(PSDB). Ele institui como condição para transferência ser efetivo do quadro do magistério, algo
que o profissional concursado só
alcança após três anos de estágio
probatório. Vale, portanto, apenas para os profissionais recém-contratados.
Trata-se de providência com
provável repercussão benéfica
em sala de aula. Os mestres erram em resistir a ela. Apesar disso, a secretária de Educação faz
bem em reunir-se com os professores e negociar a melhor forma
de implementá-la.
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