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MELCHIADES FILHO
A malícia da ausência
BRASÍLIA - Se Lula e outros figurões guardam distância das campanhas municipais (ou procuram parecer distantes), é por cálculo político, e não por falta de apetite.
O presidente prefere preservar a
base no Congresso a multiplicar o
número de prefeitos de sua preferência. Sabe que terá de conviver
por dois anos com os (muitos) deputados que perderão em outubro
-e que "voltarão azedos" a Brasília.
Seu apelo ao PC do B em favor de
Marta Suplicy é uma exceção, e não
a regra. O mergulho do Planalto, se
preciso, será no segundo turno.
A mesma razão mantém recolhida uma boa parte dos governadores.
É o caso de Paulo Hartung. Um envolvimento mais explícito do peemedebista colocaria em risco anos
de coalizão no Espírito Santo. Quase dois terços da Assembléia Legislativa planejam se candidatar.
Roberto Requião foi além. Decidido a contratar apoio ao Senado
em 2010 (e a garantir o irmão no
Tribunal de Contas), recuou e obrigou o partido a recuar: o PMDB está
fora do páreo em todas as grandes
cidades do Paraná. Em Curitiba, o
governador lançou um desconhecido, só para constar. Dessa forma,
não se indispõe com o PSDB e o PT,
as forças que hoje duelam pela capital e tendem a dominar o Estado.
Com a avaliação em baixa, Cesar
Maia pouco poderia fazer. Mas restringir a campanha ao gabinete e
aceitar o isolamento da candidata
do DEM? Só se estiver mesmo jogando: 1) por Marcelo Crivella para
a prefeitura; 2) pela vaga no Senado
que esse resultado abriria; 3) para
no futuro desempenhar um papel
importante no Rio, justamente o de
antagonista do representante dos
bispos (e da TV dos bispos).
José Serra foge para Tóquio e autoriza o híbrido Geraldo Kassab
(Gilberto Alckmin?), Aécio Neves
assiste aos pleitos do PT em Belo
Horizonte, Jaques Wagner assopra-depois-de-morder os aliados
em Salvador... Não é por generosidade, claro. Por que logo a política
haveria de servir almoços grátis?
mfilho@folhasp.com.br
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