|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Autocrítica do presidente
BRASÍLIA - "Quem tem 44 programas termina não tendo nenhum."
A crítica é do presidente da República, referindo-se aos programas para crianças e adolescentes. Admitindo que não adianta nada ter "um pedacinho daqui, um pedacinho dali",
um em cada ministério, Lula anunciou para esta semana uma reunião
para encarrilhar o trem e buscar um
"carro-chefe". Uma "guerra", avisou.
Se, depois de um ano e meio de
mandato, o presidente não entende
como isso acontece, muito menos nós
conseguimos compreender.
O governo petista parece pródigo
em criar programas, dar-lhes nomes
impactantes, anunciá-los com pompa e depois jogá-los no limbo. É o que
se conclui da abundante lista de projetos que têm dinheiro e não usam.
Novos exemplos? Vamos lá: o ano
já está na metade, mas o programa
de Promoção e Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente só usou
13% dos recursos previstos, o da Escola Básica Ideal, 8%, e o de Valorização e Formação de Professores e trabalhadores da Educação, 17,6%.
Possibilidades: os programas eram
só para eleitor ver; seus gestores não
entendem nada de administração
pública e não sabem usar o dinheiro;
os ministros do PT são craques em
desmontar os programas de seus antecessores do PT ou, ainda, o Palocci
está segurando a grana para fazer
ajuste fiscal. Ou tudo isso, enfim.
Em entrevista a "Jornalistas Amigos da Criança", título concedido pela Andi (ONG ligada ao tema), Lula
disse que dinheiro não é o mais importante, que a verba do ano pode
muito bem ser toda gasta só num mês
-em setembro, citou como hipótese- e que o mais importante, mesmo, no duro, é a família.
Cuidar do pai e da mãe, eis a prioridade. Ok, presidente. Então, façamos
o seguinte: acabemos com programas
de mentirinha e passemos a investir
mais no principal, os juros baixando,
a economia crescendo e os empregos
surgindo.
Pais e mães vão ficar bem melhores,
jovens vão poder entrar no mercado,
e crianças e adolescentes serão felizes
para sempre. Amém.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O sono de Lula Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O arsenal do FMI Índice
|