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CLÓVIS ROSSI
O sono de Lula
SÃO PAULO - Comecemos por comparar um pouquinho as políticas de Lula
e de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso:
1 - Política monetária - É restritiva
como a de FHC. Os juros podem ter subido um pouco antes e caído mais depois, mas continuam obscenos e entre
os mais altos do mundo.
2 - Política fiscal - É mais restritiva
que a anterior, por ter elevado o superávit primário (receita menos despesa,
fora juros). Tira oxigênio de uma economia que respira com dificuldades há
anos.
3 - Política cambial - Câmbio flutuante, como vigorou no segundo período FHC.
Vê-se, pois, que os três instrumentos
básicos de política econômica são
idênticos. Pode variar a intensidade,
mas a fórmula é a mesma.
Em matéria de políticas sociais, o PT
jurava que faria muito mais e muito
melhor que qualquer governo dos 502
anos anteriores.
Bom, a política é a mesma. Pode ter
aumentado o número de beneficiários
do Bolsa-Escola, mas a essência continua sendo a tal política compensatória
ou, cruamente, esmola pública para os
brasileiros que não têm emprego/renda suficiente.
Pior: não está no horizonte o momento em que, além da compensação
pela exclusão, tais brasileiros tenham
perspectiva de emprego/renda.
Aliás, sobre o desempenho social do
governo, o julgamento é do próprio Lula, na entrevista que deu anteontem:
"Quem tem 44 programas termina não
tendo nenhum".
Antes, Lula já havia emitido outro
julgamento, ao trocar dois dos responsáveis pela área social (Benedita da
Silva e José Graziano). Alguém já viu
substituir funcionários de áreas que
funcionam bem?
Vistos os resultados medíocres desse
tipo de política em matéria de desenvolvimento humano, conforme o mais
recente ranking da ONU, é impossível
discordar do deputado Ivan Valente
(que também é do PT, mas ainda não
esqueceu o que disse ou escreveu)
quando afirma: "A continuidade dessa
ortodoxia deveria tirar o sono de um
governo popular".
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