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EDITORIAIS
A RETA FINAL
A pesquisa do Datafolha para a
Presidência da República, publicada hoje, tem a propriedade de
exibir o balanço de forças entre as
candidaturas no ponto em que elas
partem para a reta final da disputa. E
o "fotograma" desse estágio já bastante importante da campanha, se
demostra a manutenção de dois blocos distintos de candidatos (os dois
primeiros bem distanciados do terceiro e do quarto colocados), também denota um descolamento entre
o primeiro colocado, Luiz Inácio Lula da Silva, e o segundo, Ciro Gomes.
Nas outras três vezes em que disputou a eleição presidencial, o candidato do Partido dos Trabalhadores
nunca desfrutou de uma condição
semelhante. Em 1989, 1994 e 1998,
Lula jamais adentrou a fase final da
campanha em primeiro lugar nas
pesquisas. O ganho de quatro pontos percentuais do petista (subiu de
33% para 37%) -que não era esperado, neste momento, pela maioria
dos analistas e dos agentes de mercado- deu-se concomitantemente
com a diminuição de três pontos
percentuais na preferência pelo candidato do governo, José Serra. O governista caiu de 16% para 13%.
Como o pepessista Ciro Gomes ficou estagnado -oscilando, dentro
da margem de erro, de 28% para
27%-, pode-se aventar a hipótese
de que, já antevendo uma polarização final entre o candidato da Frente
Trabalhista e o do PT, uma fatia dos
simpatizantes de Serra tenha migrado precocemente para Lula.
Ao candidato do governo, restou
uma única ficha: arriscar tudo na
vantagem que terá sobre os demais
concorrentes com o início, na terça-feira, da propaganda eleitoral obrigatória no rádio e na TV. Ainda assim, não será tarefa fácil descontar,
num prazo de sete semanas, uma
vantagem em relação a Ciro Gomes
na casa dos 14 pontos percentuais.
Além disso, é possível que Serra tenha de administrar mais desavenças
políticas em sua coalizão e que a sua
queda na pesquisa propicie nova onda de turbulência nos mercados financeiros -um clima que dificultaria ainda mais a sua campanha.
A melhora da performance de Lula
também foi verificada na simulação
de segundo turno contra Ciro Gomes. Nessa hipótese de confronto final, o petista, que levava desvantagem, agora se iguala (com 45% das
preferências) com o pepessista.
A permanecer a polarização entre o
candidato do PT e o da Frente Trabalhista, restarão, pelo menos, uma
certeza e uma dúvida em relação ao
governismo. A certeza de que o governo terá sido o grande derrotado
no pleito, com dois oposicionistas se
qualificando para o turno final. A dúvida: saber para onde migrarão os
votos e o apoio político e financeiro
hoje associados ao governismo e que
poderão definir quem será o sucessor de Fernando Henrique Cardoso.
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