São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Páscoa, fonte de paz CLÁUDIO HUMMES
Ainda sob o impacto dos graves
acontecimentos da guerra no Iraque, nós, cristãos, celebramos a Páscoa.
Essa solenidade religiosa nos fala de paz
e, assim, eleva-nos acima das sangrentas e cruéis contingências bélicas, ao
mesmo tempo em que nos defronta
com nosso dever de trabalhar pela paz e
aponta caminhos para a alcançar.
Outro ingrediente perigoso no processo da guerra contra o Iraque foi a tentativa de envolver a religião. Foi necessária uma atitude enérgica do papa João Paulo 2º para desmascarar a tentativa, no que diz respeito ao cristianismo. Da parte do islã, também houve líderes muçulmanos que reagiram negativamente à convocação de uma guerra religiosa. De fato, não se pode fazer guerra em nome de Deus, em nome de uma religião. As religiões não promovem o ódio e a violência. Deus é amor. O que ocorreu no passado em termos de guerras religiosas foi, na nossa compreensão atual, um erro. O que mais chamou a atenção neste conflito foi a nova doutrina da guerra preventiva. Todos perguntamos: É lícita uma guerra preventiva? Certamente uma solução melhor para a segurança internacional seria a solidariedade preventiva. É aqui que entra a mensagem da festa da Páscoa. Com efeito, se Jesus é chamado "Príncipe da Paz", deve-se ao fato de que, segundo a fé cristã, diante dos males que o pecado infligiu à humanidade, Deus teve misericórdia e ofereceu-nos perdão e salvação através de Cristo. Jesus, por sua morte e ressurreição, reconciliou os homens com Deus e entre si. Para tanto, precisou morrer na cruz. Morreu por amor a nós, solidarizando totalmente com a condição humana. Um amor gratuito. É deste amor que brota a verdadeira paz. Ele nos deu o exemplo. Por isso, declarou que o mundo nos reconheceria como seus discípulos, se nos amássemos uns aos outros. Um amor que inclui, obviamente, a justiça, a fraternidade, os direitos de cada um, a dignidade humana igual de todos, a solidariedade para com os pobres e sofridos, o perdão mútuo, a convivência pacífica e sem violência. Na véspera de sua paixão e morte, Ele disse: "Dou-vos um novo mandamento -que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos" (Jo, 13, 34-35). Dom Cláudio Hummes, 68, é cardeal-arcebispo metropolitano de São Paulo. Foi arcebispo de Fortaleza (CE) e bispo de Santo André (SP). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Sir Roger Bridgland Bone: O futuro do Iraque Índice |
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