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FERNANDO RODRIGUES
A farra na TV e no rádio
BRASÍLIA - É fácil falar mal do
horário eleitoral no rádio e na TV.
Difícil é dizer qual a melhor solução
numa democracia estável e justa.
O publicitário Washington Olivetto opinou a respeito na Folha:
"Sou contra a obrigatoriedade. O
eleitor deveria escolher o candidato pela cobertura da imprensa".
É uma fórmula idílica. Parte da
grande mídia até já se ocupa de noticiar com imparcialidade candidaturas de interesse nacional. Mas
haveria carnificina no interior do
país, onde muitos políticos dominam os meios de comunicação.
Na vigência de um sistema com
liberdade de expressão, é lícito que
os políticos queiram se expressar
por meio de propagandas quando
começa a temporada de eleições. O
problema é como regular esse direito. Certamente o melhor modelo
não é o de países como os EUA, onde o tempo de TV precisa ser comprado pelos candidatos. Quem tem
mais dinheiro prospera. Quem não
tem, some do mapa.
No Brasil pós-ditadura, criou-se
uma jabuticaba. Democratismo puro. Concedeu-se tempo amplo de
TV e rádio a todas as siglas. Havia
uma lógica inicial. A estrutura partidária estava em frangalhos. Era
necessário dar oportunidade para
que, à la Mao Tsé-tung, florescessem as mil flores.
Mas já se passaram 23 anos desde a volta do Brasil à democracia.
Há hoje 27 partidos registrados.
Fazem uma farra no horário eleitoral. É um desrespeito com os eleitores. Em 2004, seis siglas tiveram
72,7% dos votos para prefeito (PT,
PSDB, PMDB, DEM, PP e PDT).
Agora, pela enésima vez, o Planalto sugere uma cláusula de desempenho eleitoral. Os nanicos teriam um tempo de fato limitado.
Será o maior legado de Lula para a
política. Mas, como é praxe nesses
casos, é melhor ver para crer.
frodriguesbsb@uol.com.br
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