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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Mais um ato de covardia
Os acontecimentos em Bali
significaram um duro golpe na
indústria do turismo.
Bali é uma das 12 mil ilhas que formam o arquipélago da Indonésia, um
dos mais belos lugares do mundo,
com clima tropical, inúmeras atrações
culturais e, sobretudo, um dos mais
sossegados locais para quem procura
beleza e descanso.
O golpe aplicado pelos terroristas na
semana passada matou 180 pessoas e
feriu mais de 200 -todos inocentes- ao explodir uma casa noturna
onde se dança o "barong", uma expressiva mistura de religião e folclore.
O atentado foi um recado direto para a indústria do turismo, uma das
mais promissoras em termos de geração de renda e emprego. Segundo a
Organização Mundial do Turismo,
nos últimos 50 anos, o número de pessoas que viajaram por lazer e descanso
aumentou 28 vezes, tendo atingido a
marca de 698 milhões no ano 2000. A
receita gerada com os turistas teve um
crescimento 35% superior ao crescimento da economia como um todo.
Hoje em dia, o turismo gera US$ 5 trilhões anuais, aproximadamente 10%
do PIB mundial, e emprega cerca de
300 milhões de pessoas.
Ao atacar a ilha de Bali, os terroristas
buscaram simbolizar o que realmente
pretendem, ou seja, assustar os turistas do mundo inteiro e, com isso, afetar os negócios e os empregos de milhões de pessoas. O desastre provocado em Bali foi muito além do alvo
atingido. Levará algum tempo até que
a atividade turística naquele local retome o seu nível normal -lembrando
que, até hoje, Nova York recebe muito
menos visitantes do que recebia antes
do fatídico 11 de setembro de 2001.
O Brasil tem uma enorme potencialidade no campo do turismo. No entanto estamos em 29º lugar no ranking global. O número de visitantes
estrangeiros tem ficado em torno de
míseros 5 milhões de pessoas por ano,
enquanto a França recebe 75 milhões,
a Espanha, 52 milhões e os Estados
Unidos, 48 milhões.
É claro que um ataque desse tipo é
imprevisível e, ainda que indiretamente, acaba afetando o fluxo de estrangeiros para o Brasil. A luta contra
o terrorismo é uma tarefa de todos, até
mesmo de nós, brasileiros. Mas o mais
triste é verificar que problemas administráveis nacionalmente acabam se
tornando um espantalho ao turismo
no Brasil. Esse é o caso da ousadia de
presidiários e de traficantes no Rio de
Janeiro -uma das mais belas cidades
do planeta.
Neste momento difícil da vida nacional, o turismo constitui uma alternativa produtiva, pois o setor pode gerar um grande número de empregos
decorrente de investimentos caros,
mas que foram realizados ao longo
dos últimos 20 anos. O que se necessita, agora, é treinar a mão-de-obra para
saber receber os turistas com cordialidade, educação, informações adequadas e em língua inteligível. Ademais,
não se pode prolongar indefinidamente o estado de intranquilidade
que domina as cidades mais turísticas
do Brasil a começar pelo Rio de Janeiro.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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