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VALDO CRUZ
Visões e trapalhadas
BRASÍLIA - Visões palacianas dos
desdobramentos da Operação Satiagraha, coletadas ao longo da semana passada no Palácio do Planalto. Tire suas conclusões:
1) Daniel Dantas não conseguiu
ter no governo Lula o mesmo poder
de influência que desfrutou no período tucano/pefelista.
Começou a perder o jogo ao ser
desalojado do comando da Brasil
Telecom por obra de Luiz Gushiken, ex-ministro e amigo de Lula.
Desde então, o presidente fala cobras e lagartos de Daniel Dantas.
Ele tentou virar o jogo contratando "petistas miúdos ou sem poder".
Ficou na tentativa, mas gerou suspeitas sobre a conduta de gente como Gilberto Carvalho.
2) O chefe-de-gabinete de Lula
não cometeu nenhuma irregularidade grave, mas não deixou de errar
ao buscar informações oficiais a pedido do amigo Luiz Eduardo Greenhalgh. Tudo para checar se um
cliente do ex-deputado estava sendo investigado.
3) Greenhalgh é acusado de traidor, ao usar suas relações para beneficiar Daniel Dantas, envolvido
na negociação que levou à fusão da
Oi e Brasil Telecom.
4) O presidente não teme que a
operação da PF prejudique o negócio entre as duas teles. Argumento:
as pessoas podem até discordar das
tratativas, mas desde o início o governo defendeu e apoiou publicamente a operação.
5) Do ponto de vista palaciano, é
defensável a primeira decisão do
presidente do STF, Gilmar Mendes,
de soltar Daniel Dantas. A segunda,
não; estava baseada na tentativa de
suborno de um delegado da Polícia
Federal.
6) A PF está dividida. Essa fratura
manchou uma operação que tinha
tudo para ser perfeita e jogou o desgaste do afastamento do delegado
Protógenes Queiroz no colo do governo, sobrando até para o presidente Lula.
Tudo somado e subtraído, ficará
na conta do Planalto a responsabilidade por uma operação abafa numa
investigação que ele imaginava só
ter a comemorar.
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