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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Sobre a felicidade

SÃO PAULO - Por fim consigo concordar inteiramente com uma frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Eu digo sempre que, se tem um homem neste país que tem razões de sobra para estar feliz, sou eu", disparou o presidente na sexta-feira.
É a pura verdade. Lula tinha uma obsessão: eleger-se presidente da República. Conseguiu. Só pode, portanto, estar feliz.
A única ressalva que caberia fazer à frase é que ela é incompleta: há alguns poucos outros homens também bastante satisfeitos, talvez até mais que Lula. Os banqueiros, por exemplo, que não só tiveram lucros recordes, graças ao governo do PT, como ficaram aliviados de ver que era verdadeiro, para eles, banqueiros, o antigo slogan do partido ("sem medo de ser feliz").
Os banqueiros tiveram muito medo de ser infelizes em um eventual governo PT. Agora que verificam que erraram, a felicidade é tão incontrolável que são bem capazes de erguer uma estátua de Lula à frente das respectivas sedes.
Como é época natalina, não posso aguar a felicidade do presidente. Por isso, transfiro aos leitores a tarefa. Escreve, por exemplo, Eduardo Guimarães, interlocutor frequente e eleitor de Lula: "Acho que é preciso que alguém, pouco relacionado com a política e que desfrute da confiança do presidente, informe-o de que seu governo fez muito menos pelo Brasil até agora do que ele está pensando e que o poder que tem hoje se esvairá, e o que ficará será apenas a obra de quem o exerceu".
Acrescenta Celso Balloti, amigo virtual, outro eleitor de Lula: "Creio que o momento da verdade de Lula não foi, como muitos pensam, há 30 anos no ABC; é agora no Planalto. Não pense o presidente que seu passado o salvará de um mau governo ou de uma traição -esta é a palavra- a todos os que nele votaram. Todos são bons até o momento em que deixam de ser, diz a sabedoria popular".



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