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CLÓVIS ROSSI
Sobre a felicidade
SÃO PAULO - Por fim consigo concordar inteiramente com uma frase do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Eu digo sempre que, se tem um homem neste país que tem razões de sobra para estar feliz, sou eu", disparou
o presidente na sexta-feira.
É a pura verdade. Lula tinha uma
obsessão: eleger-se presidente da República. Conseguiu. Só pode, portanto, estar feliz.
A única ressalva que caberia fazer à
frase é que ela é incompleta: há alguns poucos outros homens também
bastante satisfeitos, talvez até mais
que Lula. Os banqueiros, por exemplo, que não só tiveram lucros recordes, graças ao governo do PT, como
ficaram aliviados de ver que era verdadeiro, para eles, banqueiros, o antigo slogan do partido ("sem medo de
ser feliz").
Os banqueiros tiveram muito medo
de ser infelizes em um eventual governo PT. Agora que verificam que
erraram, a felicidade é tão incontrolável que são bem capazes de erguer
uma estátua de Lula à frente das respectivas sedes.
Como é época natalina, não posso
aguar a felicidade do presidente. Por
isso, transfiro aos leitores a tarefa. Escreve, por exemplo, Eduardo Guimarães, interlocutor frequente e eleitor
de Lula: "Acho que é preciso que alguém, pouco relacionado com a política e que desfrute da confiança do
presidente, informe-o de que seu governo fez muito menos pelo Brasil
até agora do que ele está pensando e
que o poder que tem hoje se esvairá, e
o que ficará será apenas a obra de
quem o exerceu".
Acrescenta Celso Balloti, amigo
virtual, outro eleitor de Lula: "Creio
que o momento da verdade de Lula
não foi, como muitos pensam, há 30
anos no ABC; é agora no Planalto.
Não pense o presidente que seu passado o salvará de um mau governo
ou de uma traição -esta é a palavra- a todos os que nele votaram.
Todos são bons até o momento em
que deixam de ser, diz a sabedoria
popular".
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