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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Deixa disso

BRASÍLIA - O primeiro ano do governo Lula está no fim e nada foi feito, dito, pensado ou escrito que pudesse criar alguma marola nas Forças Armadas. Aliás, nada que pudesse afetar os mares, os ares e muito menos as terras militares.
A reforma da Previdência foi apresentada pelo Executivo e aprovada pelo Legislativo. Mas a dos funcionários civis. A dos militares ficou para "depois", um dia, quem sabe. E nem será reforma, será apenas um projeto de lei ordinária aumentando dois anos para a aposentadoria e cobrando contribuição dos cadetes das academias. Levinha, levinha.
As investigações sobre a guerrilha do Araguaia também ficaram para depois, além de restritas a uma comissão de ministros e secretários do próprio governo. Documentos, nada. Ossos de guerrilheiros, nada. Para desgosto das famílias, a comissão anda bem devagar.
Promoção de Apolônio de Carvalho a general? Nem pensar. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, fez declarações a favor. O ministro da Defesa, José Viegas, contra. O governo deu, assim, um recado simpático para a esquerda e uma garantia à direita. E não se fala mais nisso.
Na questão da grana, o governo foi duríssimo com a área social, mas nem tanto com a militar. O orçamento da Defesa foi de R$ 4,7 bilhões e contingenciado (bloqueado) em R$ 1,3 bilhão, mas, negocia daqui, negocia dali, foram liberados R$ 460 milhões. Em 25 de novembro, último lote de liberações, o ministério estava entre os três mais beneficiados (R$ 163 milhões).
Em resumo, o governo Lula acabou 2003 neutralizando todas as más notícias para os militares e vai começar 2004 indo além: dando boas notícias. A primeira delas deverá ser a compra dos novos caças da FAB, provavelmente da Rússia.
Lula rompeu com os radicais à esquerda e se aliou aos militares à direita. Gostando ou não, devemos reconhecer uma coisa na segunda parte dessa história (a dos milicos): com bons e fundados motivos. Você faria muito diferente?



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