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ELIANE CANTANHÊDE
Deixa disso
BRASÍLIA - O primeiro ano do governo Lula está no fim e nada foi feito,
dito, pensado ou escrito que pudesse
criar alguma marola nas Forças Armadas. Aliás, nada que pudesse afetar os mares, os ares e muito menos
as terras militares.
A reforma da Previdência foi apresentada pelo Executivo e aprovada
pelo Legislativo. Mas a dos funcionários civis. A dos militares ficou para
"depois", um dia, quem sabe. E nem
será reforma, será apenas um projeto
de lei ordinária aumentando dois
anos para a aposentadoria e cobrando contribuição dos cadetes das academias. Levinha, levinha.
As investigações sobre a guerrilha
do Araguaia também ficaram para
depois, além de restritas a uma comissão de ministros e secretários do
próprio governo. Documentos, nada.
Ossos de guerrilheiros, nada. Para
desgosto das famílias, a comissão anda bem devagar.
Promoção de Apolônio de Carvalho
a general? Nem pensar. O ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos, fez
declarações a favor. O ministro da
Defesa, José Viegas, contra. O governo deu, assim, um recado simpático
para a esquerda e uma garantia à direita. E não se fala mais nisso.
Na questão da grana, o governo foi
duríssimo com a área social, mas
nem tanto com a militar. O orçamento da Defesa foi de R$ 4,7 bilhões e
contingenciado (bloqueado) em R$
1,3 bilhão, mas, negocia daqui, negocia dali, foram liberados R$ 460 milhões. Em 25 de novembro, último lote de liberações, o ministério estava
entre os três mais beneficiados (R$
163 milhões).
Em resumo, o governo Lula acabou
2003 neutralizando todas as más notícias para os militares e vai começar
2004 indo além: dando boas notícias.
A primeira delas deverá ser a compra
dos novos caças da FAB, provavelmente da Rússia.
Lula rompeu com os radicais à esquerda e se aliou aos militares à direita. Gostando ou não, devemos reconhecer uma coisa na segunda parte
dessa história (a dos milicos): com
bons e fundados motivos. Você faria
muito diferente?
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