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VINICIUS MOTA
O dilema da revoada
SÃO PAULO - Julho vai terminar
em pouco mais de uma semana, e o
prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ainda não deu sinal de vida na
campanha municipal. A notícia da
rodada mais fresca de pesquisas é
que o ex-prefeito Paulo Maluf embolou a disputa pela terceira colocação, na modesta faixa dos 10%.
Para quem, como Kassab, é o candidato de uma grande máquina governamental e recebe todo o apoio
de uma outra, a estadual, maior ainda, não deixa de ser frustrante. Situação parecida vive Marcio Lacerda, o preferido do governador tucano Aécio Neves e do prefeito petista
Fernando Pimentel em Belo Horizonte, embora as condições para
uma tratoragem de reta final sejam
mais propícias na capital mineira.
O QG kassabista unificou o discurso para espantar o pessimismo.
Diz que confia no impacto das obras
que a gestão vai inaugurar até o primeiro turno. Também espera colher melhores resultados com o início da propaganda no rádio e na TV,
em 19 de agosto. Pelo menos em
tempo de exposição, o candidato à
reeleição vai largar na frente.
Diante desse vai-não-vai, ornitólogos notam sinais precoces de uma
estranha mutação. Alguns exemplares de tucano começam a manifestar um desejo crescente de migrar. Quem abandonar já o poleiro
do DEM e voltar para o ninho perde
um restinho de sol, mas se arrisca a
abocanhar mais quatro anos de fartura. Arrisca-se também a perder
tudo, no caso de Kassab emplacar.
O dilema da revoada é apenas um
dos lances divertidos prometidos
pela campanha paulistana. Há todo
um capítulo de malabarismos verbais e marqueteiros a caminho.
Alckmin vai explicar por que é candidato de um partido que está num
governo que tem candidato. Marta
Suplicy sairá em busca da classe
média perdida. Kassab vai ensinar
que é ele, e não José Serra, quem
governa a capital.
E Serra? Vai falar o quê?
vinimota@folhasp.com.br
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