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Editoriais
Escalada tributária
NÚMEROS consolidados do
primeiro semestre denunciam mais um recorde de arrecadação da Receita Federal: aumento de mais de 10%
em relação a 2007. As cifras impressionam se contrastadas com
o drama encenado pelo governo
na virada do ano, quando o presidente falava em "cortar na veia"
os gastos, já que não poderia contar com os recursos da CPMF.
Seis meses depois, não houve
impacto nenhum nos gastos, a
arrecadação disparou e o governo ensaia aprovar uma substituta da CPMF, a CSS -a medida já
passou na Câmara e aguarda que
se abaixe a poeira eleitoral para
ir à votação no Senado.
Os fatores extraordinários
evocados nos primeiros meses
do ano pelo governo para justificar o inaudito aumento de arrecadação tornam-se cada vez menos plausíveis como explicação.
É mais fácil acreditar no estudo
do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, que mostra
que a carga tributária escalou no
primeiro trimestre a 38,9% do
PIB -quase cinco pontos acima
do valor dos três primeiros meses do governo Lula, em 2003.
Os mais de R$ 333 bilhões arrecadados na primeira metade
de 2008 mostram que há espaço
suficiente para reduzir essa carga. O mínimo que se espera é que
o projeto da CSS seja retirado ou
derrotado no Senado.
Além disso, o governo deveria
aproveitar a verba adicional para
aumentar o alvo do superávit fiscal, ajudando a combater a inflação, cuja projeção de mercado
para este ano já rompe o teto da
meta oficial. Mas a palavra "poupar" não é popular em Brasília,
tanto menos em ano eleitoral.
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