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RETOMADA ECONÔMICA
Graças ao desempenho das
empresas exportadoras dos
setores industrial e agrícola, foi criado 1,23 milhão de vagas com carteira
assinada no país entre janeiro e julho
de acordo com o Ministério do Trabalho. Com o aumento do emprego,
inflação sob controle e perspectivas
de crescimento, as negociações salariais mostraram-se mais favoráveis
aos trabalhadores. De acordo com o
Dieese, 79% dos acordos coletivos
firmados de janeiro a junho tiveram
reajustes iguais ou superiores à inflação calculada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
A recomposição, ainda que parcial,
das perdas na renda do trabalhador e
a reação do mercado de trabalho aumentaram a confiança do consumidor. O comércio registrou no primeiro semestre expansão no volume de
vendas, que aumentaram 9,33% de
janeiro a junho na comparação com
o mesmo período de 2003, segundo
a Pesquisa Mensal do Comércio do
IBGE. Nunca é demais lembrar que a
base de comparação é fraca, já que
em 2003 as vendas caíram 3,67%.
Esses indicadores juntamente com
a melhoria das contas externas consolidam um cenário econômico
mais positivo. O superávit comercial
deverá alcançar US$ 30 bilhões em
2004. A forte depreciação da moeda
nos últimos anos e a modernização
de alguns setores tornaram muitos
produtos altamente competitivos.
Além disso, as exportações foram
impulsionadas por preços maiores,
sobretudo os das commodities, por
forte demanda fomentada pelo crescimento mundial e pela diversificação de mercados.
Há sinais também de que as multinacionais no Brasil vão alterando
suas estratégias para dar mais ênfase
às exportações. Obter receita em
moeda estrangeira tornou-se essencial a fim de garantir proteção contra
as flutuações da taxa de câmbio.
Com isso, procuram estabilizar o
fluxo de importações de peças e
componentes e preservar o patrimônio. Dessa forma, o país assiste a um
aumento das exportações de manufaturados, acompanhando o competitivo agronegócio.
O atual superávit em conta corrente, da ordem de US$ 7,9 bilhões, ou
1,5% do PIB, ajuda a reduzir a vulnerabilidade do Brasil aos choques externos e abre perspectivas para um
ciclo menos volátil de recuperação da
atividade econômica. No entanto a
taxa de investimento em torno de
18% do Produto Interno Bruto, registrada no ano passado, é muito baixa
para viabilizar um crescimento prolongado acima de 3,5% ao ano sem
desencadear pressões inflacionárias.
Nesse sentido é boa a notícia de
que um conjunto de 346 empresários
entrevistados pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV demonstrava intenção de investir um total de R$
10,6 bilhões, em julho passado -valor 21% acima do registrado em
2003. Espera-se que a maior parcela
desses recursos seja destinada à ampliação da capacidade instalada.
Com a reativação da economia, as
empresas estrangeiras começam a
analisar a possibilidade de expansão
dos seus negócios no país. De modo
geral, as companhias estrangeiras só
decidem ampliar suas operações
quando fica evidente o processo de
recuperação econômica.
No curto prazo, a alta prolongada
nos preços do petróleo persiste como a principal ameaça, uma vez que
pode acelerar a inflação e levar o Banco Central a aumentar os juros, o que
poderia ter efeitos desastrosos sobre
a retomada dos investimentos e a
sustentabilidade do crescimento.
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