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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Atenas e os jovens
Tenho visto muitos comentários a respeito da pequena safra de
medalhas conquistadas até o momento pelos atletas brasileiros que compareceram em Atenas. Penso que, além
de injustas, tais críticas não levam em
conta a importância do esporte para a
formação dos jovens.
É claro que o esporte, sozinho, não
pode garantir uma boa educação e um
bom desempenho das pessoas no trabalho e muito menos a solução dos
megaproblemas sociais que pairam
em nossa sociedade. Mas, quando
praticado pelos jovens, o esporte alavanca o desenvolvimento pessoal e a
sua integração na comunidade onde
vivem. A atividade esportiva reforça o
sentido da vida, desenvolve a ética de
conduta e a própria disciplina de vida.
O seu impacto, portanto, vai muito
além da transformação física que proporciona às pessoas, chegando a ser
um dos fatores mais importantes para
a alimentação da sua auto-estima.
Por isso, vejo a maciça participação
brasileira na Olimpíada da Grécia com
muitos bons olhos e como um efeito
de demonstração de grande importância para a juventude em geral.
Tenho certeza de que muitos jovens
se animarão a praticar vários esportes,
até então desconhecidos, mas que foram agora ressaltados na sua beleza
pelas provas em Atenas.
O Brasil é conhecido mundialmente
como o país do futebol. Mas o mundo
está vendo que nossos jovens também
se aplicam em várias outras modalidades esportivas, mesmo quando não
trazem medalhas. Trata-se de uma juventude sadia -quem pratica esporte
tem pouco tempo para o ócio, a bebida ou as drogas- e que busca no esporte uma forma eficiente de combater o sedentarismo do trabalho moderno e a influência nefasta da alimentação desbalanceada que domina os
dias de hoje -em especial, o fast-food.
Tenho acompanhado as provas dos
nossos compatriotas e dos estrangeiros. Sinto orgulho de ver tantos brasileiros disputando os mais altos postos
do esporte mundial. Alegro-me igualmente de ver o congraçamento que
existe entre os adversários. Admiro a
forma como eles se abraçam depois de
terminados os jogos e na hora em que
recebem os prêmios.
É claro, o ouro é o ouro. Mas os detentores do bronze e da prata são
igualmente respeitados pelos ganhadores do ouro, pois todos sabem o esforço e a disciplina que são necessários para chegar àquele nível.
Lamento apenas a inflação dos chamados auxiliares da nossa delegação.
Vejo que países mais ricos do que o
Brasil foram muito comedidos ao enviar apenas os técnicos que são absolutamente necessários. Essa é a mania
que ainda ronda a vida esportiva do
Brasil: os cartolas são mais numerosos
do que os atletas.
Penso que isso também faz parte do
aprendizado. Este momento é mais
para cumprimentar e homenagear
nossos jovens do que para avançar na
crítica. A participação de tantos brasileiros em tantos esportes tem de servir
de exemplo para as nossas escolas e
clubes no sentido de apoiar e ampliar
as oportunidades para crianças e adolescentes praticarem esporte com a
maior atenção possível. Isso será importante para o amadurecimento da
nossa infante cidadania.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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