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HAVERÁ SEGUNDO TURNO?
Os resultados da pesquisa
Datafolha que este jornal publica hoje inaugurarão uma semana
em que a dúvida enunciada acima
ganhará total proeminência na discussão de analistas políticos, de
agentes do mercado financeiro e da
opinião pública, de maneira geral.
Prosseguiu o movimento de ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva que já
fora constatado na pesquisa passada, realizada no dia 9 de setembro. O
petista atinge 44% das intenções de
voto, contra os 40% que detinha na
pesquisa anterior. Como os seus adversários somam 48% da preferência, configura-se uma situação, no limite, de empate técnico para definir
a chance de Lula tornar-se presidente
sem necessidade de segundo turno.
Na sondagem anterior, a distância
entre o petista e o conjunto dos demais presidenciáveis era de 11 pontos
percentuais. Caiu, pois, sete pontos.
A duas semanas do dia do pleito,
não se pode dizer que a tendência de
subida de Lula seja um fato inexorável dessa reta final. Ainda haverá
eventos importantes, até lá, que poderão alterar a decisão de voto do
eleitorado. A propaganda gratuita no
rádio e na TV segue até o dia 4; na
véspera, 3 de outubro, está programado um debate entre presidenciáveis na TV Globo. O tempo de propaganda gratuita da campanha de Lula
é muito menor do que o do conjunto
de seus adversários, todos eles interessados em evitar uma vitória do PT
já em 6 de outubro.
A questão que fica, porém, para os
adversários do petista, é a de qual estratégia adotar para frear a sua ascensão. Há fortes indícios de que a tática
de atacá-lo não se revelou eficaz, pelo
menos até agora. O candidato que
mais se valeu desse estratagema, o
governista José Serra, além de ele
próprio não ter crescido e de não ter
evitado que Lula subisse, viu a sua taxa de rejeição aumentar de 31% para
34%. José Serra tornou-se, entre os
quatro principais concorrentes, o
mais rejeitado pelos eleitores -rejeição que fica mais alta (43%) na faixa
de maior renda.
Já uma discussão que volta, a partir
de agora, é sobre, em havendo um
segundo turno, qual será o adversário de Lula. A campanha de José Serra logrou desbancar Ciro Gomes do
alto patamar em que se encontrava e
atingir a vice-liderança. Mas não
conseguiu consolidar uma distância
confortável sobre o terceiro colocado. Dos votos que Ciro perdeu, apenas parte migrou para o governista.
O beneficiado desse fenômeno parece ser Anthony Garotinho, que, com
a sua oscilação para cima (de 14% para 15%) e com a oscilação para baixo
de Serra (de 21% para 19%), aparece
em empate técnico com o tucano.
Tudo somado, esta pesquisa do
Datafolha parece revelar que se alastra na população um sentimento de
oposição ao governo de Fernando
Henrique Cardoso e, por consequência, ao candidato imediatamente
identificado com os oito anos de sua
gestão. O desejo de mudança pode
ser o elemento a conferir uma propulsão extra às intenções de voto em
Lula e, mais discretamente, em Garotinho. Também pode ser o fator
que está impedindo Serra de romper
a barreira dos 20%. As próximas
duas semanas, que prometem ser de
intensíssima batalha política, elucidarão de vez essas questões.
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