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CLÓVIS ROSSI
Pensando o impensável
SÃO PAULO - Permita-me o leitor voltar ao trecho final do texto publicado quarta-feira neste espaço, no dia seguinte ao início do tiroteio de
José Serra contra o PT.
Dizia (ou escrevia): "O eleitor é que
vai decidir se aplaude ou se condena
a reação de Serra, o que só ficará claro no Datafolha do fim de semana, já
que o Ibope de ontem (terça-feira)
não captou esse momento, talvez decisivo, da campanha".
Pois bem: o Datafolha que este jornal publica hoje mostra que o eleitor
está condenando Serra e que Luiz
Inácio Lula da Silva passeia garbosamente o seu novo revestimento ("teflon"), no qual resvala, mas não gruda nenhum torpedo.
Não quer dizer, é óbvio, que Lula vá
liquidar o jogo já no primeiro turno,
embora esteja muito perto. Nem quer
dizer que Lula ganhará no segundo
turno. Pesquisa, é sempre bom repetir, é o instantâneo de um momento,
não o fim da história.
De todo modo, fala-se cada vez
mais abertamente no que era impensável até duas semanas atrás. Quem,
honestamente, poderia imaginar que
a hipótese de vitória de Lula no primeiro turno seria servida como prato
de discussão em todos os botecos a
apenas 15 dias da votação?
A consequência desse cenário é óbvia: a guerra nas duas semanas finais
será total e certamente cruenta, ainda mais se se considerar que Anthony
Garotinho ainda está no jogo.
Antes mesmo dos números agora
divulgados por esta Folha, o raciocínio que se ouvia no "serrismo" era o
de que qualquer ataque estava de antemão justificado pelo argumento de
que se tratava do tudo ou nada.
Como deu "nada" (Lula subiu, Serra oscilou para baixo e Garotinho,
para cima), não é difícil imaginar o
"tudo" que virá. Inclusive do lado do
PT, que há de querer o alento final
para liquidar a partida no dia 6.
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