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ELIANE CANTANHÊDE
Quem manda no boteco
BRASÍLIA - Quanto mais perto da posse, mais o "Lulinha paz e amor"
vai botando as garras de fora. O que
não é de todo mau. Ao contrário, pode ser muito bom.
Lula surpreendeu os petistas, para
o mal, e os não-petistas, para o bem,
ao colocar um banqueiro, um grande
empresário e um ruralista, todos com
coração tucano, para comandar a
economia junto com Palocci, do PT.
Depois disso, encerrou a cota do
pragmatismo e fechou a semana e o
grosso do ministério cercado por petistas de boa cepa na área social: Jacques Wagner (Trabalho), Cristovam
Buarque (Educação) e Humberto
Costa (Saúde). Repare que nenhum
deles saiu de São Paulo, onde o PT é
especialmente forte nas três áreas.
Foi para evitar guerra de tendências.
Também às vésperas da posse, Lula
repetiu com o MME (Minas e Energia) o que havia feito na escolha de
Márcio Thomaz Bastos para a Justiça: impôs exatamente o que queria.
Thomaz Bastos dizia que não, não e
não. Mas cedeu, já foi anunciado e
está feliz da vida. Explicação de um
velho conhecido do presidente eleito:
"Quem resiste ao Lula?".
Agora, essa do PMDB. O futuro
chefe da Casa Civil, José Dirceu, foi
lá, acertou com Michel Temer que o
MME iria para o PMDB e se esqueceu daquele detalhe: combinar com o
"adversário" Lula. Que simplesmente
não quis. Com essas ricas estatais do
setor, como é que o PT vai ceder o ministério para o PMDB? Deu Dilma
Roussef, escolha pessoal de Lula.
É assim que, enquanto beija criança, alisa cabeça de velhinho, experimenta sapato novo e desfila com
guarda-chuva providenciado por
Marisa, o Lulinha também desautoriza José Dirceu, joga duro contra o
PMDB, desconsidera as negativas de
Thomaz Bastos e impõe Dilma Roussef -que, aliás, confirma uma alta
cota gaúcha no ministério.
Como a gente sempre diz e Lula
agora repete, "ganhar eleição é mais
fácil do que governar". É por isso que
o "paz e amor" vai mostrando aos
poucos quem manda no boteco.
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