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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Violência e terror derrubam o turismo
A Organização Internacional
do Trabalho (OIT) acaba de publicar um relatório com números dramáticos sobre o desempenho da indústria do turismo nos últimos dois
anos (Dirk Belau, "The Impact of the
2001-2002 Crisis on the Hotel and
Tourism Industry", Genebra, janeiro
de 2003).
A combinação da desaceleração econômica com o ataque de 11 de setembro de 2001 foi responsável pela destruição de 6,5 milhões de postos de
trabalho no mundo. Em 2002, os desastres na casa noturna de Bali e no
teatro de Moscou reduziram mais
meio milhão de empregos.
A crise do turismo é séria. Em 2001,
quando se esperava um crescimento
da receita mundial de 4% em relação a
2000, deu-se um declínio de 1,3%. Os
Estados Unidos foram os mais afetados. Naquele ano, o turismo para
aquele país reduziu-se em 11%. Em setembro, a queda foi de 30%; em outubro, de 34%! Do Brasil para lá, o número de turistas sofreu redução de
49%; da Alemanha, de 46%; e, do Japão, de 45%.
Em 2002, o turismo para os Estados
Unidos reagiu de modo anêmico. A
grande esperança era o ano de 2003.
As estimativas previam um crescimento de 5%, que, mesmo assim,
manteria os negócios bem abaixo do
nível de 2000. Mas, com a continuação
da desaceleração econômica e com o
fantástico medo levantado pela guerra
contra o Iraque e pelos ataques terroristas no território americano, as estimativas terão de ser revistas: 2003 poderá ser outro ano perdido para o turismo nos Estados Unidos.
O que dizer dos outros países? Estaria ocorrendo um redirecionamento
dos turistas? O grande destaque nesse
campo é a China, cujo crescimento do
turismo se tem mantido em 13% ao
ano (!), quase o dobro do crescimento
do PIB. Em 2001, a China recebeu 75
milhões de visitantes, bem longe do
Brasil, que recebeu cerca de 5 milhões.
Além da China, os turistas começam
a explorar outras alternativas. Na Bulgária, o aumento de visitantes em 2001
foi de 14%; na Eslováquia, de 13%; na
Turquia e na Croácia, de 12%; na Eslovênia, de 11%; na Estônia, de 9%. O sudeste asiático e o Pacífico tiveram um
crescimento de 5,5%. A Austrália e a
Nova Zelândia acompanharam essa
tendência.
Parece que os turistas estão procurando os lugares menos afetados pelo
perigo da guerra e do terrorismo. O
Brasil poderia muito bem se enquadrar nesse rol de países.
O turismo gera muito emprego, mas
o setor está se tornando exigente em
matéria de qualificação profissional.
Infelizmente, a qualidade da mão-de-obra do Brasil está longe da qualidade
das suas belezas naturais.
Todos os candidatos falaram em
promover o turismo. Está na hora de
os planos passarem para a realidade,
mesmo porque, com a destruição de
empregos, estamos assistindo à destruição das nossas principais empresas aéreas. O Brasil não pode e não deve se desnacionalizar no campo da
aviação.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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