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CLÓVIS ROSSI
O caixão do continuísmo
SÃO PAULO - Luiz Carlos Bresser Pe
reira cravou, na quinta-feira, com
seu artigo nesta Folha, o último prego no caixão do terrorismo financeiro que diz que, ou se mantém a política econômica, ou o país vai à breca.
Bresser afirma justamente o contrário: "Existe a possibilidade de que
a atual política macroeconômica seja
mantida no futuro governo, não obstante os quatro principais candidatos
afirmarem que vão mudá-la, porque
é uma política que tem o apoio das
próprias elites conservadoras do país
e das agências multilaterais" (refere-se a FMI, Banco Mundial etc).
"Esta é uma perspectiva ainda mais
preocupante, porque leva o país, a
médio prazo, à insolvência."
Dificilmente seria possível achar alguém mais indicado e menos suspeito que Bresser Pereira para fazer tal
análise. Além da qualificação intelectual (é professor de Economia na
FGV-SP e de teoria política na USP),
Bresser foi ministro do governo FHC
duas vezes, é amigo do presidente, foi
tesoureiro da sua segunda campanha
e foi também o delegado pessoal de
FHC para as reuniões da chamada
"Terceira Via" (agora rebatizada de
Governança Progressista).
Fica, pois, o leitor/eleitor informado
por uma voz autorizada de que a escolha no dia 6 de outubro não é entre
continuísmo ou caos, mas entre mudança ou o caos.
Ao eleitor -e só a ele- cabe escolher que tipo de mudança prefere entre as cinco que lhe são oferecidas (estou incluindo a do PSTU, que também pretende concorrer).
O que o eleitor já não tem é o direito de cair no conto do vigário de certas figuras do governo, da academia
e do mercado, que acenam com o
caos na hipótese de tudo não ficar como está.
Na Argentina, o governo eleito em
1999 fez o contrário do que Bresser recomenda agora para o Brasil. Deu no
que deu. Errar é humano. Repetir o erro você sabe o que é.
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