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Lacuna no BNDES
Novas fontes para financiamento de longo prazo são cruciais para continuar expandindo capacidade produtiva
O ATUAL ciclo de expansão dos investimentos
-12 trimestres consecutivos- pressiona a
principal fonte de financiamentos de longo prazo do país, o
BNDES. Vem se ampliando o
descompasso entre a oferta e a
demanda de recursos da instituição, a despeito do enorme crescimento nas concessões de crédito: de R$ 37,4 bilhões em 2002
para R$ 64,9 bilhões em 2007.
Os empréstimos aprovados
têm sido maiores do que os desembolsos. O hiato de recursos
aumentou de R$ 7,5 bilhões em
2005, para R$ 23 bilhões em
2006 e R$ 34 bilhões em 2007.
Estima-se que esse patamar deverá repetir-se neste ano.
Para administrar a crescente
escassez de recursos, o banco
adotou uma política seletiva de
financiamentos. No âmbito dessa estratégia de racionalização
das verbas disponíveis, decidiu
cortar em 10 a 20 pontos percentuais os limite de participação da
instituição no valor dos investimentos em diversos setores.
O BNDES passará a financiar
100% dos projetos apenas se estiverem relacionados com inovação tecnológica, micro, pequena
e média empresa e para solucionar gargalos ferroviários nas regiões Norte e Nordeste. Já para
bens de capital, o limite de participação do banco caiu de 100%
para 80% por projeto. Para o setor agropecuário, que inclui o sucroalcooleiro, a redução foi de
80% para 60%. Para geração de
energia, a cota, que chegava a
85%, diminuiu para 80%. Para
transmissão, caiu de 80% para
70%. A distribuição de energia
manteve seus 60%.
O BNDES vem realizando também esforços para ampliar suas
fontes de recursos. Já captou
US$ 1 bilhão no exterior e anunciou uma emissão de debêntures
para obter R$ 6 bilhões. Poderá
ainda vender parte de sua carteira de ações para reforçar a capacidade de financiamento.
Esses dados revelam que, a
despeito dos lançamentos de
ações e de debêntures na Bovespa, acompanhando o ciclo de liquidez internacional, persiste o
desafio de se ampliar o financiamento de longo prazo em moeda
nacional. Os grandes bancos privados expandiram os empréstimos para pessoas físicas, crédito
consignado e ao consumo, com
taxas de juros muito elevadas.
Mas financiaram relativamente
pouco a atividade produtiva, por
meio de operações de capital de
giro e de leasing.
Dessa forma, em um cenário
de manutenção do dinamismo
econômico e expansão dos investimentos, torna-se relevante
estimular instrumentos domésticos de financiamento de longo
prazo, tais como os Fundos de
Direito Creditórios (Fdics) e outros mecanismos de securitização. Os fundos de pensão, as seguradoras e o sistema de previdência complementar podem
auxiliar o desenvolvimento desses mercados, ampliando os recursos disponíveis.
Enfim, a cooperação entre as
diversas instituições e os instrumentos públicos e privados de
poupança de longo prazo em
moeda nacional são cruciais para
garantir o crescimento sustentado da produção e do emprego.
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