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Incentivo diplomático
NUM GESTO bem calculado,
os 27 países que compõem a União Européia
(UE) decidiram levantar definitivamente as sanções diplomáticas que o bloco mantinha contra
Cuba. O impacto da medida é
mais simbólico do que prático,
dado que as restrições, adotadas
em 2003 após a prisão de 75 dissidentes por Havana, estavam
suspensas desde 2005. Mas é
muito em torno de simbolismos
que se dá a disputa sobre os rumos do regime cubano.
Nesse contexto, a UE faz muito
bem em premiar o novo dirigente da ilha, Raúl Castro, pelas reformas liberalizantes que vem
promovendo desde que substituiu o irmão, Fidel, no comando
do país quatro meses atrás.
Muitas das novas regras introduzidas por Raúl têm caráter
apenas simbólico, como é o caso
da autorização para que cubanos
comprem computadores, aparelhos de DVD, fornos de microondas e celulares ou que se hospedem em hotéis de luxo. Mas há também medidas claramente
pró-mercado, como a eliminação
de tetos salariais para incentivar
a produtividade e a introdução
da livre iniciativa no campo.
Agricultores privados podem
agora plantar o que quiserem e
arrendar terras públicas. Estima-se que 51% do território agrícola do país esteja ocioso.
Mesmo na esfera política houve avanços importantes, como a
assinatura de duas convenções
de direitos humanos da ONU, a
soltura de alguns dissidentes e o
afrouxamento parcial de restrições a viagens internacionais.
A decisão européia vem, portanto, em boa hora. Não se trata,
como acusa o governo norte-americano, de legitimar o regime
ditatorial cubano, mas de mostrar ao novo dirigente qual a rota
que ele deve adotar para reintegrar o país à comunidade internacional. Essa parece ser a melhor forma de promover a transição cubana no menor tempo
possível e com menos custos políticos e sociais.
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