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Editoriais
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Enxofre no ar
OS 11 MILHÕES de paulistanos experimentam diariamente, nas vias respiratórias e nos olhos, os efeitos da poluição do ar. Nos dias ensolarados de inverno, quando a umidade relativa do ar se aproxima de
níveis desérticos, a camada marrom de poluentes se torna mais
que visível, quase palpável.
O enxofre eliminado na queima de óleo diesel é um composto-chave nas reações físico-químicas que conspiram na atmosfera das metrópoles para tornar
seu ar irrespirável. São Paulo e
outras 236 cidades de grande
porte podem até considerar-se
privilegiadas: seus caminhões e
ônibus rodam com diesel menos
poluente, contendo 500 partes
por milhão (ppm). Noutras praças, o limite legal é 2.000 ppm.
Em realidade, não há privilégio
nenhum. Na Europa, toleram-se
só 50 ppm, limiar que será baixado para 10 ppm em 2009.
Aqui, o Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama) baixou em 2002 resolução estipulando que a concentração deveria cair para 50 ppm em janeiro
de 2009. Seis anos não bastaram,
porém, para Petrobras e indústria automobilística se prepararem para essa medida.
O ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc, reconhece não haver tempo hábil para cumprir a
norma. Tenta dourar a pílula antecipando a vigência de uma nova redução, mais exigente, do
teor de enxofre. Petrobras, montadoras e Agência Nacional do
Petróleo acusam-se mutuamente pelo atraso. Nada garante que
não venham a reincidir, mais à
frente, nesse verdadeiro crime
contra a saúde pública.
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