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ELEIÇÕES NO IMPÉRIO
Dentro de pouco mais de uma
semana, os norte-americanos
escolherão seu próximo presidente.
Trata-se de uma das mais disputadas
e polarizadas eleições da história recente dos Estados Unidos. Nunca se
gastou tanto nas campanhas. Nunca
o mundo esteve tão atento à escolha
de um presidente. Nunca uma eleição pareceu tão importante.
Em algum sentido, o pleito é um
referendo sobre o governo do candidato à reeleição George W. Bush, um
dos mais controversos políticos que
já ocuparam a Casa Branca. Bush
viu-se em meio a polêmicas bem antes de assumir o cargo, no conturbado processo eleitoral de 2000, em que
a escolha do líder dos EUA foi decidida não nas urnas, mas pelos juízes da
Suprema Corte.
Analistas apostavam que, carecendo de uma legitimidade popular
mais sólida e clara, o escolhido procuraria conduzir um governo de
união nacional, renunciando a suas
inclinações mais extremadas em favor de posições mais ao centro. Não
houve tempo para tanto. No dia 11 de
setembro de 2001, criminosos da rede Al Qaeda desferiram o mais violento ataque terrorista contra os EUA
em toda a sua história.
Bush, de cuja capacidade de liderar
muitos então duvidavam, declarou
guerra ao terrorismo e engajou-se na
campanha do Afeganistão. Foi capaz
de depor a milícia radical do Taleban, que dava apoio aberto à Al Qaeda, e seus índices de popularidade
aproximaram-se de 90%.
O presidente, no entanto, não se
satisfez e decidiu lançar-se contra o
Iraque de Saddam Hussein. Com a
alegação de que o ditador ocultava
armas de destruição em massa, Bush
rompeu com antigos e valiosos aliados, atropelou o sistema de segurança criado pelos próprios EUA após a
2ª Guerra Mundial e adotou o mais
obstinado unilateralismo.
Derrubou Saddam Hussein, mas,
tendo avaliado mal o cenário do pós-guerra, enredou suas forças num
atoleiro do qual agora não consegue
sair. Pior, viu ruir uma a uma todas as
razões que pretextou para a operação
militar. Investigações conduzidas
pelos próprios EUA demonstraram
que Saddam não possuía armas de
destruição em massa e que não representava uma ameaça iminente
nem para os EUA nem para seus vizinhos próximos. Esclareceu-se também que não existiam vínculos entre
Bagdá e a Al Qaeda. Mesmo a idéia
de que Bush havia poupado o planeta
de um tirano particularmente cruel
foi arranhada pela divulgação de
imagens de soldados americanos
submetendo prisioneiros iraquianos
sob sua custódia a maus-tratos.
Em meio a essa barafunda, Bush
encontrou formas de beneficiar com
contratos de reconstrução no Iraque
empresários ligados à Casa Branca.
Surpreendentemente, porém, o
presidente resistiu bem a todos esses
reveses externos e, mesmo sem realizações domésticas particularmente
notáveis, tem-se mostrado capaz de
dividir o eleitorado.
Seu oponente, o senador democrata John Kerry, é uma incógnita. Procura mostrar-se moderado e esforça-se para parecer um guardião confiável da segurança dos norte-americanos. Se eleito, suas ações estarão em
grande parte comprometidas pelo
cenário criado por Bush, mas suas
críticas ao unilateralismo parecem
fazer dele uma opção menos traumática e mais promissora para a evolução das relações internacionais.
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