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SINAIS DO FED
As crescentes evidências de
que a economia americana começava a superar os riscos de deflação e se preparava para ingressar em
novo ciclo de crescimento despertaram, há alguns meses, especulações
de analistas sobre as perspectivas de
elevação dos juros no país. Em junho
do ano passado, a taxa de curto prazo foi fixada no atual patamar de 1%
ao ano. O constante ziguezague dos
indicadores, no entanto, ora auspiciosos, ora frustrantes, sugeria que o
momento da mudança ainda se encontrava distante, o que era confirmado pelo Federal Reserve, o banco
central norte-americano, ao sustentar que as taxas permaneceriam baixas por tempo indeterminado.
No início deste ano, no entanto,
pronunciamento do Fed referente à
sua reunião de janeiro veio à cena
sem a menção ao compromisso de
manter os juros em 1% por tempo indefinido. Foi o primeiro sinal. E bastou para que os mercados que trabalham com títulos da dívida de países
emergentes se vissem atingidos pelas turbulências de um processo de
correção de preços.
Para o Brasil, o baque de janeiro
traduziu-se em queda da Bolsa, elevação do risco-país e apreensões sobre uma possível crise financeira. Ficou mais uma vez patente a relação
quase direta entre o risco dos títulos
brasileiros e a política de juros americana. Como se sabe, a redução das
taxas nos EUA e nas principais economias mundiais estimulou o aumento da liqüidez internacional e a
procura por papéis de maior risco
-como os do Brasil. A mudança
desse quadro poderia causar uma
brusca reversão dos fluxos de capitais, provocando instabilidade em
países mais vulneráveis a movimentos externos -caso notório do Brasil.
Desde janeiro, esses temores passaram a ocupar papel de relevo no
debate econômico e levaram instituições globais, como o FMI, a alertar
para a necessidade de que os EUA
coordenassem as expectativas de
modo a suavizar os efeitos colaterais.
É o que vem procurando fazer, com
sua reconhecida habilidade e competência, o presidente do Fed, Alan
Greenspan. Em recentes declarações
no Congresso norte-americano, ele
tratou de preparar o terreno para um
movimento mais ordenado e previsível das expectativas. Assegurou que a
economia norte-americana emergiu,
em meados do ano passado de uma
alongada fase de baixo crescimento,
e avisou que os juros irão, sim, subir
em algum ponto do futuro. Até lá, no
entanto, ainda há um processo a
transcorrer. Se a ameaça da deflação
desapareceu, ela não foi substituída
pelo risco de aceleração da inflação
-algo que para Greenspan ainda
"não está no horizonte".
A intervenção do presidente do Fed
contribuiu para retirar do ambiente
uma dose extra de incerteza que poderia precipitar movimentos perigosos. Isso não significa que, para a
economia brasileira, os problemas
tenham acabado. As vulnerabilidades persistem e exigem que o país
não perca de vista a necessidade de
continuar gerando elevados superávits comerciais, de reforçar suas reservas e de promover o crescimento.
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