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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Uma discussão insustentável...
Com a presença de mais de 20 mil
pessoas interessadas em um
mundo mais limpo e mais humano,
começa amanhã em Johannesburgo,
África do Sul, a Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentado. Nada
mais oportuno.
Todos querem um planeta sadio e
justo. Mas, para tanto, crescer é essencial. Qualquer ação que venha a bloquear o crescimento econômico trará
como consequência o prolongamento
da pobreza e da miséria.
A fórmula do desenvolvimento sustentado não advém de um milagre e
da adesão a essa ou àquela declaração
internacional. Isso depende de um
enorme conjunto de ações sinceras
nas áreas ambiental, econômica e social.
Ninguém deve se iludir com os belos
propósitos das "palavras de ordem"
em reuniões desse tipo. Muita gente,
em nome de princípios humanitários
e alardeando querer preservar a natureza, deseja, no fundo, abafar a potencialidade dos países que têm mais
chance de crescer.
Nesse ponto, o Brasil tem uma situação invejável: 60% da nossa energia
vem de fontes renováveis (que poluem pouquíssimo), enquanto os demais países pretendem chegar a 12%
em 2010. Atualmente, cerca de 85% da
energia do mundo é de origem fóssil
-subsidiada em US$ 120 bilhões por
ano!
Entre 1990-2000, a emissão de gás
carbônico originário da queima de
combustíveis fósseis aumentou 9,1%
no mundo e 18,1% nos Estados Unidos. Somente o acréscimo americano
foi equivalente às emissões combinadas do Brasil, Indonésia e África do
Sul no mesmo período.
A "contribuição" do nosso país na
emissão mundial de gás carbônico é
mínima -0,41%-, enquanto Estados Unidos, Rússia, China, Alemanha
e Japão respondem por mais de 65%.
Eles é que precisam tornar o desenvolvimento sustentável!
Entretanto, temos de reconhecer
que mexer na matriz energética é um
empreendimento de enorme complexidade. Ações mal orientadas podem
levar o país a retroceder e, com isso,
alastrar a pobreza, a injustiça e a miséria.
As autoridades americanas calcularam que a redução de 7% nas atuais
emissões de gás carbônico até 2012,
como prega o Protocolo de Kyoto, geraria um custo anual de US$ 400 bilhões por ano, o que comprometeria o
crescimento dos Estados Unidos e, indiretamente, o do resto do mundo.
Foi por essa razão que o governo
americano não aderiu àquele protocolo e que o presidente George W. Bush
estará ausente na reunião que começa
amanhã. Ou seja, o país que mais polui o mundo, na hora de corrigir o curso de sua ação, vai com cuidado, procurando proteger a sua economia e tudo fazendo para garantir os empregos
do seu povo.
Nós, que poluímos pouco, temos
muito mais razão de filtrar as críticas e
os ataques que virão dos interessados
na nossa estagnação. A emissão de
impropriedades vinda das cabeças
desses panfletários tem sido muito
mais destruidora do que a emissão de
gases -é uma emissão letal para
quem precisa crescer, empregar, gerar
renda e garantir justiça.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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