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KENNETH MAXWELL
Mensagens ignoradas
ALGUNS ANOS ATRÁS , me encontrei com o antigo assessor jurídico de Jeane Kirkpatrick no período em que ela serviu como embaixadora dos EUA na
ONU. Ele relembrou uma estranha
experiência pela qual havia passado em 1982, quando Kirkpatrick
voltou ao escritório perplexa depois de atender a um convite de almoço de seu colega argentino na
ONU. Ela contou que, a cada duas
sentenças, o embaixador argentino
fazia uma pausa dramática e dizia:
"Malvinas! Malvinas!". O que, perguntou Kirkpatrick ao assessor,
queria dizer "Malvinas"?
Jeane Kirkpatrick era supostamente especialista em assuntos argentinos. O regime militar argentino, que ela defendia, a via como
amiga. "Malvinas", claro, é a designação que os argentinos dão às
ilhas Falkland, em sua disputa com
os britânicos pela soberania sobre
o arquipélago do Atlântico Sul. A
falta de reação de Kirkpatrick foi
considerada como um sinal de que
os EUA aprovavam a invasão das
ilhas, o que aconteceu uma semana
mais tarde.
Eu fui testemunha de uma segunda mensagem que passou incompreendida, em 1981. Meu escritório na Universidade Colúmbia
ficava no Instituto de Pesquisa sobre Mudanças Internacionais, fundado por Zbigniew Brzezinski, que,
até janeiro daquele ano, havia servido como assessor de segurança
nacional do presidente Jimmy
Carter. Nós realizávamos um seminário semanal sobre assuntos internacionais, e um dos palestrantes foi Benjamin Netanyahu. Discretamente, enquanto respondia a
uma pergunta sobre outro tópico,
ele disse que os israelenses pretendiam atacar o centro de pesquisa
nuclear iraquiano. Ninguém prestou atenção. O silêncio foi interpretado como aprovação. Uma semana depois, os israelenses bombardearam o Iraque.
Em setembro do ano passado,
um ataque aéreo israelense destruiu instalações nucleares na Síria. A reação internacional foi notável por seu silêncio. No começo
deste mês, os israelenses executaram um grande exercício militar
no leste do Mediterrâneo, com
mais de cem caças F-15 e F-16,
apoiados por aviões de reabastecimento aéreo e helicópteros de resgate. Uma operação dessa escala
dificilmente pode ser vista como
secreta por qualquer pessoa e teria
requerido permissão para sobrevoar o espaço aéreo da Grécia e da
Turquia. Era claramente uma simulação de um ataque à usina de
enriquecimento nuclear do Irã em
Natanz.
A operação israelense foi preocupante a ponto de levar o cauteloso diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Mohamed ElBaradei, a advertir que
um ataque ao Irã poderia transformar o Oriente Médio "em uma bola
de fogo".
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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