São Paulo, sábado, 26 de julho de 2008

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Editoriais

Dificuldade governista

A ECONOMIA cresce, o emprego aumenta, a receita municipal se expande e, com isso, os governos locais ampliam sua capacidade de investir em melhorias urbanas. Em contexto tão favorável, não seria surpresa se os candidatos que no pleito de outubro vão defender a situação demonstrassem desde já, senão favoritismo, ao menos grande força eleitoral.
Não é o que ocorre em 5 das 7 capitais pesquisadas pelo Datafolha nesta semana. A rigor, só Beto Richa, o tucano que disputa a reeleição em Curitiba, desfruta de situação bastante confortável, com 72% das intenções de voto.
A liderança do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), é bem mais apertada e está ameaçada por duas candidatas de siglas, PT e PC do B, que freqüentemente se aliam.
Nas demais capitais avaliadas, o candidato do governo local estaria fora do segundo turno se as eleições fossem hoje. Salta aos olhos a dificuldade de chapas apoiadas não apenas pela máquina municipal, mas também pela estadual. Em Belo Horizonte, o preferido do prefeito petista Fernando Pimentel e do governador tucano Aécio Neves divide, com míseros 6%, a quarta colocação com o representante do PSTU.
Em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM), que já teve apoio mais entusiasmado do grupo tucano ligado ao governador José Serra, passa por situação parecida. Em terceiro lugar, empatado tecnicamente com o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), Kassab ainda não conseguiu se desgarrar da faixa que vai de 11% a 13%. No Rio, a candidata do prefeito Cesar Maia, do DEM, tem apenas 5% das intenções de voto.
A pouco mais de dois meses do primeiro turno, e antes da fase intensiva da campanha, o atual quadro ainda está sujeito a muita mudança. Os pleitos municipais respondem sobretudo a fatores locais -e são eles que vão determinar, no final das contas, o caráter de cada disputa singular.
Mas esse apuro inicial de chapas situacionistas, num ambiente em tese propício ao continuísmo, vem demonstrar o vigor da disputa política nas principais cidades brasileiras. Não deixa de ser boa notícia para uma democracia ainda jovem.


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