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Editoriais
Dificuldade governista
A ECONOMIA cresce, o emprego aumenta, a receita
municipal se expande e,
com isso, os governos locais ampliam sua capacidade de investir
em melhorias urbanas. Em contexto tão favorável, não seria surpresa se os candidatos que no
pleito de outubro vão defender a
situação demonstrassem desde
já, senão favoritismo, ao menos
grande força eleitoral.
Não é o que ocorre em 5 das 7
capitais pesquisadas pelo Datafolha nesta semana. A rigor, só
Beto Richa, o tucano que disputa
a reeleição em Curitiba, desfruta
de situação bastante confortável,
com 72% das intenções de voto.
A liderança do prefeito de Porto
Alegre, José Fogaça (PMDB), é
bem mais apertada e está ameaçada por duas candidatas de siglas, PT e PC do B, que freqüentemente se aliam.
Nas demais capitais avaliadas,
o candidato do governo local estaria fora do segundo turno se as
eleições fossem hoje. Salta aos
olhos a dificuldade de chapas
apoiadas não apenas pela máquina municipal, mas também pela
estadual. Em Belo Horizonte, o
preferido do prefeito petista Fernando Pimentel e do governador
tucano Aécio Neves divide, com
míseros 6%, a quarta colocação
com o representante do PSTU.
Em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM), que já teve
apoio mais entusiasmado do grupo tucano ligado ao governador
José Serra, passa por situação
parecida. Em terceiro lugar, empatado tecnicamente com o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), Kassab ainda não conseguiu se desgarrar da faixa que vai de 11% a
13%. No Rio, a candidata do prefeito Cesar Maia, do DEM, tem
apenas 5% das intenções de voto.
A pouco mais de dois meses do
primeiro turno, e antes da fase
intensiva da campanha, o atual
quadro ainda está sujeito a muita
mudança. Os pleitos municipais
respondem sobretudo a fatores
locais -e são eles que vão determinar, no final das contas, o caráter de cada disputa singular.
Mas esse apuro inicial de chapas situacionistas, num ambiente em tese propício ao continuísmo, vem demonstrar o vigor da
disputa política nas principais cidades brasileiras. Não deixa de
ser boa notícia para uma democracia ainda jovem.
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