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Efeitos da máquina
Período de propaganda maciça testa resistência de Alckmin a adversários que ostentam maior estrutura de campanha
OS PRIMEIROS dias de
campanha maciça
coincidiram com uma
alteração no quadro da
sucessão paulistana. As duas
candidaturas que contam com
maior estrutura material, a de
Marta Suplicy (PT) e a de Gilberto Kassab (DEM), foram beneficiadas. A chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) perdeu pontos.
Os números mais recentes do
Datafolha fortalecem algumas
hipóteses formuladas antes de a
campanha começar. A fratura na
situação, com democratas e tucanos lançando chapas próprias,
favoreceria o PT. A falta de apoio
em máquinas de governo e o menor tempo de exposição no rádio
e na TV dificultariam o desempenho de Alckmin. Os bons índices de avaliação da gestão Kassab
acabariam por melhorar as
chances eleitorais do prefeito.
Marta Suplicy ganhou cinco
pontos percentuais, chegou a
41% das intenções de voto e
abriu 17 pontos de margem sobre
o tucano. Pela primeira vez, a ex-prefeita surge à frente de Alckmin numa simulação de segundo
turno, embora a diferença ainda
esteja dentro da margem de erro.
A gestão de Gilberto Kassab,
que em maio de 2006 era considerada ótima ou boa por apenas
10% dos paulistanos, atingiu
40% de aprovação. A intenção de
voto no prefeito também oscilou
três pontos percentuais para cima -no limite da margem de erro. Com 14% da preferência, Kassab viu diminuir em 11 pontos
percentuais a sua diferença para
Alckmin, que tem 24%.
Ocorreu com o ex-governador
a alteração mais brusca apurada
na pesquisa. A perda de oito pontos percentuais resultou de uma
deterioração generalizada da opção pelo candidato tucano. O
movimento não poupou estratos, como os de maior renda e escolaridade, em que o apoio a
Alckmin tem sido mais firme.
Prestação de contas parcial das
candidaturas divulgada pela Justiça em meados do mês mostra
grande desvantagem de Alckmin
na arrecadação de fundos. Para
cada R$ 8 declarados por Kassab,
o ex-governador informa R$ 1. A
prática de contratar cabos eleitorais para fazer visitas de porta
em porta, disseminada nas campanhas do DEM e do PT, não tem
sido imitada pelos tucanos.
Geraldo Alckmin, no entanto,
ainda detém um índice de rejeição muito baixo, metade dos obtidos por Marta e Kassab; disputou há dois anos uma campanha
presidencial e bateu o presidente
Lula na capital paulista. Resta saber se todo esse capital político
resistirá à ação das duas poderosas máquinas eleitorais que o tucano terá de derrotar se pretende tornar-se prefeito.
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