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ELIANE CANTANHÊDE
Dirceu, o bonzinho
BRASÍLIA - Notícia para os que acham que o ministro José Dirceu
(Casa Civil) é o malvado do governo,
que está por trás de todos os males do
funcionalismo, do MST, dos ambientalistas, dos educadores e dos profissionais de saúde: ele agora está virando bonzinho.
Explica-se: o governo vive em pé de
guerra com o próprio governo, e Dirceu decidiu assumir o lado "do bem",
não deixando os ministros descontentes falando sozinhos.
Quem esteve conversando com
Humberto Costa (Saúde), Marina
Silva (Meio Ambiente), Cristovam
Buarque (Educação), entre outros,
pode até ter ouvido queixas contra o
núcleo duro, ou politburo, que discute, decide e manda em tudo e em todos. Mas com ressalvas para Dirceu.
O Planalto andou usando jeitinhos
para cortar verbas da Saúde, para
surrupiar recursos da Educação e para retirar poder de Marina na discussão sobre os transgênicos e sobre a
CTNBio (a comissão de biossegurança). Sempre que se ouvia ou se lia
"Planalto", lia-se e ouvia-se "Dirceu". A coisa, porém, mudou.
Com o governo insistentemente
acusado de estar repetindo FHC e de
estar sendo insensível às velhas bandeiras petistas, Dirceu resolveu ouvir
mais as reivindicações não só dos ministros mas dos setores que eles representam no governo. O malvado decidiu virar bonzinho. Ou então percebeu que esse descolamento do governo PT com as velhas bandeiras do PT
não iria dar em boa coisa.
Foi assim que Dirceu articulou a
compensação dos recursos para a
Saúde, aproximou-se de Marina e de
suas posições em relação aos transgênicos e tenta se solidarizar com Cristovam Buarque pela pindaíba na
Educação. Em geral, as soluções configuram meios-termos. Mas é melhor
isso do que nada.
O fato é que, agora, os malvados
são Palocci (Fazenda) e Gushiken
(polivalente). Enquanto o Lulinha
deixa o pau quebrar, tentando ficar
bem com todos os ministros. Quem
pode pode, quem não pode se sacode.
Ou pede socorro ao Dirceu.
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