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TENDÊNCIAS/DEBATES
MURO DA DISCÓRDIA
Cerca contra o terror
DANIEL GAZIT
Nos últimos três anos, aproximadamente 900 israelenses foram assassinados e milhares foram feridos em
ataques terroristas. A grande maioria
desses ataques -especialmente homens-bomba- originou-se na Cisjordânia. Atualmente não há uma barreira
física entre os centros de terrorismo da
Cisjordânia e os centros populacionais
de Israel, muitos deles situados a uma
distância que pode ser percorrida a pé.
Israel está construindo uma cerca de
segurança para impedir os ataques terroristas que levaram tantas vidas e tanto
prejudicaram a busca pela paz. A cerca é
uma medida de defesa, elaborada para
evitar a infiltração de terroristas e de
suas armas. Essa é a função de qualquer
governo: proteger a vida de seus cidadãos. Negar a Israel o direito de empregar uma ferramenta de prevenção tão
importante como a cerca de segurança é
negar a Israel seu direito de autodefesa.
Além disso, nenhum dos acordos entre Israel e os palestinos (nem a recente
iniciativa do "mapa do caminho") restringe a utilização de medidas defensivas. Pelo contrário, o uso do terrorismo
é que viola tanto o direito internacional
quanto os acordos. Até que a liderança
palestina cumpra seu compromisso de
cessar o terrorismo, Israel tem o direito
e o dever de adotar as medidas necessárias para proteger seus cidadãos.
A cerca de segurança não demarca nenhuma fronteira, tampouco cria limites
permanentes no solo. A criação de fronteiras é uma questão reservada para negociações entre os lados. A cerca pode
ser movida, se assim for acordado, no
marco das negociações de paz entre Israel e os palestinos.
A rota da cerca foi escolhida, em primeiro lugar e acima de tudo, tendo em
mente ponderações de segurança e topográficas. Ela é elaborada para colocar
uma barreira entre os terroristas e seus
alvos. Espera-se que, ao reduzir o terrorismo, a cerca venha a contribuir com
os esforços para alcançar a paz.
Ao determinar a rota, foi dada preferência a não utilizar a terra na própria
Cisjordânia e, onde possível, a cerca está
sendo construída dentro das linhas de
Israel anteriores a 1967.
A cerca não anexa nenhum território
a Israel, tampouco muda o status legal
de nenhuma terra palestina. É dada
prioridade ao uso de terras públicas.
Nenhuma terra de propriedade privada
foi expropriada e, nas áreas onde o uso
da propriedade privada é necessário, o
proprietário será compensado e continuará mantendo o título legal.
Paralelamente a seus esforços para garantir a segurança de seus cidadãos, Israel dá uma considerável importância
aos interesses dos moradores palestinos. Todo esforço tem sido feito para
causar o mínimo possível de ruptura na
vida diária da população local. A rota da
cerca oferecerá à maioria dos palestinos
um fácil acesso aos centros comerciais e
a outros centros ativos na vida cotidiana. Apenas três vilas palestinas serão incluídas no lado ocidental da cerca. Os
moradores dessas vilas não precisarão
ser reassentados e sua situação legal
permanecerá a mesma. Além disso,
pontos de travessia (semelhantes a terminais de aeroporto) serão construídos
para facilitar o trânsito das pessoas pela
cerca de segurança e cinco terminais serão criados para o transporte de bens.
Não haveria necessidade da cerca de segurança, se a Autoridade Palestina houvesse honrado seus compromissos
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Dezenas de portões especiais foram
previstos para permitir a passagem dos
fazendeiros para seus campos, enquanto os pomares afetados pela construção
da cerca estão sendo replantados em
áreas mais acessíveis.
Os palestinos estão fazendo uma campanha para tornar ilegítima a construção da cerca de segurança por Israel.
Termos com forte carga emocional, tais
como "apartheid" ou "Muro de Berlim", têm sido adotados para descrever
a cerca, apesar de sua imprecisão factual
e histórica. A cerca não pretende separar as pessoas por sua raça ou religião;
pelo contrário, ela permitirá que os israelenses e os palestinos vivam lado a lado em paz, livres do conflito causado
pelo terrorismo.
Além do mais, os palestinos têm tentado retratar a cerca como uma gigante
parede de concreto. Isso apesar do fato
de que as barreiras de concreto são utilizadas em menos de 5% da rota e, depois, apenas em áreas ao longo da linha
anterior a 1967, onde a estrita segurança
dita a necessidade de sua utilização (como onde há um centro palestino de terrorismo bastante próximo a uma cidade
ou uma rodovia israelense). Na realidade, quase toda a cerca de segurança é
feita com tela de aço, com o suporte de
sistemas de alta tecnologia e aparato para detectar movimentos e evitar intrusos. Vale ressaltar que o sistema utilizado é exclusivamente detector, e não elétrico, não causando nenhum dano aos
que se aproximam ou tocam a cerca.
A campanha palestina tenta culpar Israel por agir com o intuito de evitar os
ataques terroristas, embora ignore a
ameaça que o terrorismo representa para os inocentes civis israelenses. Não haveria necessidade da onerosa cerca de
segurança, se a Autoridade Palestina
houvesse honrado seus compromissos
e posto um fim ao terrorismo.
Uma vez que o terrorismo tem sido o
maior obstáculo à paz, espera-se que, ao
evitar os ataques, a cerca de segurança
venha a contribuir com os esforços para
alcançar a tão esperada paz entre Israel
e seus vizinhos palestinos.
Daniel Gazit, 58, historiador e cientista político,
é o embaixador do Estado de Israel no Brasil.
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