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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Um alerta para todos nós
A China é o país que mais cresce
no mundo. Seu PIB cresceu cerca
de 8% ao ano nas últimas duas décadas. Ironicamente, na semana que
passou, aquele país, que é campeão de
construções, foi obrigado a tratar de
dois assuntos relacionados à destruição.
O primeiro diz respeito à reunião de
cúpula realizada em Pequim entre Estados Unidos e Coréia do Norte, mediados pelos anfitriões chineses, para
tentar estancar a corrida nuclear coreana antes que seja tarde.
O segundo se refere às sucessivas
reuniões realizadas pelas autoridades
chinesas nos campos da saúde e da
educação com vistas a controlar a epidemia de Sars ("Severe Acute Respiratory Syndrome") -a nova pneumonia asiática, que ainda é um enigma.
No caso dos armamentos, as autoridades terão de voltar a conversar até
chegarem a uma solução pacífica
-espera-se! Quanto à Sars, não há
tempo a perder. As decisões tiveram
de ser instantâneas. As aulas em Pequim foram suspensas por duas semanas e as comemorações do 1º de
maio (que duram vários dias) foram
canceladas em toda a China, para evitar contágios nas aglomerações.
Até a última sexta-feira, a China já
havia apresentado 2.422 casos de Sars
confirmados, tendo ocorrido mais de
cem mortes. No mundo, eram 4.439
pessoas infectadas e 263 mortes, num
crescente assustador (OMS -Organização Mundial de Saúde, 25/4).
A doença resiste aos tratamentos
convencionais. O suspeito vírus da
Sars (coronavírus) muda de estrutura
a cada dia, o que dificulta a descoberta
de medicação específica -um enorme desafio.
Os cientistas estão pedindo mais
apoio para acelerar as pesquisas, da
mesma forma que os cidadãos do
mundo gostariam de usufruir a paz. É
chocante ver os grandes mandatários
discutindo formas de destruição de vidas, quando a humanidade luta para
debelar uma doença devastadora.
O que é mais perigoso -Sars ou
bomba atômica? Pergunta difícil. Difícil e incômoda. É triste ter de fazer
uma escolha entre duas perversidades.
O Brasil, até o momento, está longe
de ambas e não há razão para alarme.
Mas não custa nos prevenirmos.
Quanto à Sars, é bom levar a sério as
recomendações da OMS: fugir das
aglomerações, evitar viagens a locais
de risco e aumentar o controle rígido
dos que estiveram nas regiões afetadas. São medidas que estão ao nosso
alcance.
Quanto à disseminação das armas
atômicas, só nos resta rezar, pois os
países ricos têm desprezado sistematicamente os países pobres, que, nos organismos internacionais, clamam por
mais desenvolvimento e menos armamento.
A mente dos poderosos precisa de
uma boa reciclagem. Está na hora de
eles usarem a sua inteligência para
cuidar do bem-estar dos povos e não
de sua destruição, pois os seus semelhantes desejam apenas construir suas
famílias com trabalho e segurança. O
que há de mau nisso?
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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