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SINAIS POSITIVOS
Dentro da lógica do modelo
macroeconômico que predomina no país desde 1999, há sinais de
um "otimismo cauteloso" no horizonte. Como se sabe, o modelo está
apoiado em três pilares: superávit fiscal de 4,25% do PIB (Produto Interno
Bruto) para conter o endividamento
público; meta de inflação de 5,5%
em 2004, com margem de tolerância
de 2,5 pontos para cima ou para baixo; taxa de câmbio flutuante com livre movimentação de capitais para
consolidar as contas externas.
O setor público consolidado
(União, Estados, municípios e empresas estatais) registrou nos cinco
primeiros meses do ano um superávit primário de R$ 38,3 bilhões, o
equivalente a 5,87% do PIB, segundo
o BC. Esse resultado permite o cumprimento da meta acertada com o
FMI, de R$ 32,6 bilhões, para o primeiro semestre. Mas é insuficiente
para cobrir os gastos com juros do
setor público, que somaram R$ 51,9
bilhões no mesmo período.
Em maio, as exportações atingiram
o valor recorde de US$ 7,9 bilhões.
Os exportadores estão embarcando
quantidades cada vez maiores a preços mais atrativos, de acordo com a
Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). Com isso,
o país acumulava superávit de US$ 28
bilhões nos últimos 12 meses até a
terceira semana de junho, com exportações de US$ 80 bilhões. Entre
os produtos mais exportados, há resultados surpreendentes: a soja cresceu 106,2%; as carnes, 60,9%; as madeiras, 96,7%; os materiais de transporte, 30,4%, aproveitando o aquecimento da economia mundial, a conquista de novos mercados e o lento
ritmo da recuperação doméstica.
O saldo comercial de maio, US$ 3,1
bilhões, foi fundamental para acomodar o impacto da queda nas principais fontes de financiamento externo em face das incertezas decorrentes da política monetária americana.
Esse fato ressalta a relevância do saldo comercial para o país desfrutar de
maior solidez nas contas externas.
Outro alento veio da taxa de desemprego, que caiu de 13,1% em abril para 12,2% em maio, de acordo com o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Por sua vez, a
renda das pessoas ocupadas seguiu
apresentando trajetória de queda,
embora em menor intensidade. O
rendimento médio do trabalho foi de
R$ 866,10, representando uma queda
de 0,7% ante abril e de 1,4% em relação a maio de 2003 em termos reais.
A redução do desemprego em maio
pode estar atrelada à retomada da
economia, mas pode também estar
associada ao calendário eleitoral. Na
região metropolitana de São Paulo, o
aquecimento do emprego concentrou-se no grupo de saúde, educação, seguridade social e segurança,
sendo que boa parte dessas atividades se encontra no setor público.
Enfim, são fatos alvissareiros, que
não devem ofuscar nem alguns problemas inerentes ao modelo econômico nem as graves limitações na infra-estrutura econômica, as elevadas
taxas de juros, o reduzido crédito
bancário, a alta dívida pública e a baixa renda, que ainda limitam o potencial dinâmico da economia.
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