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ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES
Emprego e crescimento com energia limpa
Ao tomar conhecimento da espantosa taxa de desemprego
-13%- anunciada nesta semana
pelo IBGE, perguntei a mim mesmo:
como estará o desemprego em julho
de 2006?
Não escolhi essa data em razão do
ano eleitoral. Ao contrário, ela se refere a um indicador técnico para o qual
tenho de olhar todos os dias, pois, afinal, esse é o meu ramo de atividade: a
oferta de energia.
Alguns indagarão: por que tanta antecedência? Porque as usinas elétricas,
em geral, são de construção demorada. Na verdade, três anos é curto prazo
para o setor.
Voltando ao quadro do desemprego, costumo ler, nos trabalhos dos
economistas, que o PIB do Brasil precisa crescer, no mínimo, 4% ao ano
para absorver os que entram anualmente no mercado de trabalho. Com
essa taxa de crescimento, o país consegue gerar cerca de 1,6 milhão de empregos novos.
Entretanto, para 2003, as projeções
apontam para um crescimento do PIB
de apenas 1,5%. O Brasil criará menos
da metade dos postos de trabalho de
que precisa. É dessa maneira que o desemprego e a informalidade vão se
acumulando, ano após ano.
E do lado da energia, qual é o quadro? Com um crescimento do PIB de
1,5% ao ano, há um excedente de 7.000
MW. Essa "folga" nos dá segurança
por dois anos ou talvez três.
Há risco de apagão nesse período?
Não. Mas o leitor precisa atentar para
o fato de que essa folga existe com um
crescimento do PIB de 1,5%. Digamos
que, em 2004, o PIB venha a crescer
3%. Isso reduziria a folga para apenas
um ano. Em 2006, voltariam os apagões e a paralisia no crescimento, como ocorreu em 2001.
Ou seja, o Brasil tem um enorme
constrangimento energético para fazer crescer seu PIB, aumentar o emprego e reduzir o desemprego.
A ministra Dilma Rousseff, de Minas e Energia, conhece esse quadro a
fundo. É claro que tanto ela como eu
-e todos os brasileiros- torcemos e
festejamos a redução dos juros, o reequilíbrio da Previdência Social e a racionalização da carga tributária. Só
que a festa não pode ser completa. O
Brasil precisa desesperadamente de
mais energia para dar à sua população
uma vida decente.
Nesse terreno, as providências já deveriam ter sido tomadas. No passado
recente, a crise energética só foi descoberta quando já instalada. Que não se
repita esse erro. O Brasil precisa entrar
numa fase de investimentos honestos
e bem orientados para a construção
da infra-estrutura que é essencial ao
seu desenvolvimento.
Oxalá o novo governo desenvolva os
esforços certos na hora certa! A idéia
da ministra de Minas e Energia para
voltar a explorar a água é promissora.
A hidroeletricidade é uma alternativa
real. O Brasil é privilegiado em energéticos renováveis e não-poluentes, com
a vantagem, no caso da água, de ajudar a agricultura irrigada e a piscicultura, duas outras fontes importantes
de crescimento. Temos de aproveitar
essa chance divina.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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