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MELCHIADES FILHO
Via Crusius
BRASÍLIA - O PT pode não derrubar Yeda Crusius, mas sai reanimado do caso Detran (ou Banrisul ou
Projovem... existem tantas frentes
de pilantragem que o caso não recebeu "nome fantasia" à altura).
A eleição da governadora tucana
tinha significado uma inflexão na
política gaúcha. Pela primeira vez
na década, houve três nomes competitivos, e o debate não se restringiu ao Gre-Nal entre petistas e antipetistas. Porto Alegre preparou-se
para confirmar a tendência neste
ano, com cinco candidatos fortes.
Com o escândalo de desvio de
verbas e caixa dois eleitoral, porém,
a polarização deve ressurgir.
Primeiro, porque o PT capitalizou a indignação do eleitor (mais de
70% dizem seguir o noticiário).
Apesar da maioria governista na
Assembléia Legislativa, o trabalho
da CPI não deixou de avançar.
Segundo, porque a crise abala vários oponentes. Yeda é do PSDB,
mas o Detran quem controlava era
o PP, o Banrisul estava na mão do
PMDB, o vice dedo-duro pertence
ao DEM, o secretário grampeado é
do PPS (do prefeito José Fogaça)...
Poder botar todos no mesmo balaio
será um trunfo petista em outubro
e também em 2010 -Yeda se lascou
e Germano Rigotto (PMDB), que se
insinuava como a "terceira via", sai
arranhado, pois o esquema de corrupção é herança de sua gestão.
O PT tinha três problemas para
se reerguer no RS: 1) má avaliação
de seus governos recentes; 2) falta
de idéias (o orçamento participativo não cola mais); 3) racha interno.
Resolveu dois deles com o presente que ganhou dos céus (quer dizer, da PF de Tarso Genro). Poderá
dizer: Ruim comigo, pior "semigo".
Quanto ao terceiro, um Detran
parece não bastar. A perspectiva de
poder acentuou a rixa entre as correntes, como atestam o isolamento
da candidata Maria do Rosário em
Porto Alegre e as cotoveladas entre
petistas gaúchos na Esplanada dos
Ministérios. Só por isso Manuela
D'Ávila (PC do B) ainda tem chances de surpreender na capital.
mfilho@folhasp.com.br
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