|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO DE BARROS E SILVA
gilberto@kassab.com.br
SÃO PAULO - Se as coisas já não
andavam nada boas para o lado do
prefeito Gilberto Kassab, ficaram
bem feias agora, com a revelação
-num grande furo da jornalista Renata Lo Prete- de que acionou por
e-mail quase todos os subprefeitos
da cidade com a recomendação de
que tentassem interferir no campo
da recente pesquisa do Datafolha.
O episódio tem implicações legais, já que é proibida a ação eleitoral de agentes públicos em serviço.
Mas, se a intenção é coibir o uso da
máquina em benefício de qualquer
candidatura, sob este aspecto valeria comparar a falta do prefeito e a
publicação da revista "Governo Lula nos Municípios", patrocinada
com dinheiro público e já incorporada às campanhas do PT pelo país,
como noticiou a Folha no sábado.
O que chama a atenção na operação tabajara de Kassab não é o maquiavelismo, mas a mistura de insensatez com ingenuidade, de malandragem com inocência, de esperteza com amadorismo político.
Registre-se, para quem é chegado
em duendes: o prefeito diz que não
tinha a pretensão, de resto desvairada, de inflar seu desempenho na
pesquisa, mas a intenção de reagir a
possíveis distúrbios por encomenda nos locais do campo, segundo ele
praticados por militantes do PT.
Traído pelo excesso de confiança
ou vítima do próprio desespero? As
coisas se misturam. Pressionado
pela necessidade de mostrar aos tucanos que o apóiam que ainda tem
alguma chance de embaralhar a
disputa polarizada entre Marta e
Alckmin, Kassab recebe da elite da
máquina que supostamente comanda um recado inequívoco de
que o desembarque já começou.
Flagrado num flerte com a ilegalidade, está claro que o prefeito foi
apunhalado por algum dos seus que
já bandeou para o lado de Alckmin.
Essa será a tendência, que dificilmente a campanha na TV (onde o
democrata tem mais tempo que os
rivais) conseguirá reverter.
Os tucanos de São Paulo atolaram num pântano. Resta saber como José Serra, o padrinho de toda a
meleca, vai sair dessa.
Texto Anterior: Editoriais: Conselho sem função
Próximo Texto: Brasília - Igor Gielow: O MacGuffin de Lula Índice
|