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Conselho sem função
TEM RAZÃO de ser o questionamento do ministro da
Defesa colombiano, Juan
Manuel Santos, sobre o papel
que terá o recém-criado Conselho Sul-Americano de Defesa.
"Para que é isso, ainda não sei",
disse ele em visita aos EUA.
Cenário adequado, já que a
única intenção que se deixa vislumbrar para a criação do novo
organismo, proposta pelo Brasil,
é excluir Washington da tomada
de decisões de defesa no subcontinente. Sendo os EUA uma superpotência com interesses reais
na região, tal objetivo soa irreal.
A idéia de criar o conselho surgiu em momento inoportuno.
Não dá para falar em políticas de
defesa continentais quando sérias rivalidades vividas pelos países sul-americanos são internas
-desde as mais ruidosas, como a
entre Colômbia e Equador, a outras menos notáveis, como a disputa Peru-Bolívia.
O próprio Brasil, autor da
idéia, parece não saber muito
bem para que servirá o novo conselho. "As atribuições específicas
do conselho estão em discussão
(...). A proposta brasileira é de
que este se constitua em foro de
discussões, não se pretendendo
que suas decisões vinculem as
partes", escreveu o ministro Nelson Jobim em recente artigo na
revista "Interesse Nacional".
Órgãos de discussão já os há
aos montes. Outras das possíveis
atribuições do conselho, como a
integração dos sistemas produtivos das indústrias de defesa sul-americanas, podem ser efetuadas muito bem sem ele.
A resistência da Colômbia parecia ter enterrado a idéia do
conselho, mas o país voltou atrás
e decidiu participar. As condições impostas para tal -a tomada de todas as decisões por consenso e a rejeição total a grupos
violentos (leia-se Farc)- podem
provocar a defecção de outros
países. Além disso, a permissão
para que os integrantes mantenham acordos bilaterais de cooperação militar com outros países anula qualquer possibilidade
de tirar os EUA de cena -e torna
ainda mais sem sentido a criação
do organismo. Um bom conselho
seria deixá-lo de lado.
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