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RUY CASTRO
Alcatrão e penas
RIO DE JANEIRO - Sempre que
há eleições no horizonte, minha
caixa de correio, postal ou eletrônica, fica entulhada de listas de candidatos a toda espécie de cargos e os supostos crimes de que já foram
acusados ou pelos quais estejam
respondendo. Digo supostos por
"politesse" -porque desconfio de
que não sejam acusações sem fundamento e que eles ainda devem ter
escorregado em outras marmeladas, apenas não flagradas.
Não sei quem compila essas listas, mas imagino que seja alguém
com um estômago de ferro, para
passar o dia acompanhando o histórico de tais personagens e ainda
conseguir sair para jantar. A seguir,
alguns dos crimes no cardápio de
centenas dos atuais políticos, todos
candidatos potenciais à reeleição.
Desvio de dinheiro público, sonegação fiscal, falsidade ideológica,
estelionato, peculato, apropriação
indébita, formação de quadrilha,
improbidade administrativa, lesão
corporal, prevaricação, corrupção
ativa, corrupção passiva, crime ambiental, crime eleitoral, crime contra a ordem tributária, crime contra
o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, declaração falsa de imposto
de renda, porte ilegal de arma, extorsão, gestão fraudulenta, compra
de votos e até crime de escravidão
-a lista é imensa, mas o espaço é
pouco.
Alguns dos escândalos de que esses elementos foram protagonistas
ainda devem estar na memória dos
eleitores, embora a maioria destes
não saiba que desfecho tiveram:
sanguessugas (escândalo das ambulâncias), mensalão, mensalinho,
dólares na cueca, CPI dos Correios
e até uma dança em plenário, comemorando a absolvição de um acusado de corrupção.
Sugiro que, para facilitar sua
identificação pelo povo, uma lei
obrigue todo político suspeito de
falcatrua a só aparecer na televisão
coberto de alcatrão e penas.
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