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Olavo Setubal
PREFEITO de São Paulo de
1975 a 1979, Olavo Setubal
foi uma daquelas raras figuras públicas que, embora atuantes em pleno regime militar, passam para a história sem ter seu
nome associado às condenações
que aquela fase da história brasileira merecidamente inspira.
Nomeado, e não eleito, para o
cargo, Setubal não foi todavia
prefeito de fechar-se em gabinetes. Sua presença em eventos públicos caracterizava-se por uma
simpática disposição comunicativa, a que certa bonomia fisionômica contribuía para marcar
uma diferença sensível -naqueles anos ainda sombrios- com a
máscara fixa dos representantes
mais duros do regime.
Como administrador, foi certamente homem de seu tempo:
engenheiro e empresário, privilegiava o aspecto técnico dos
problemas urbanos, antes que
considerações de ordem política
-no que têm de bom e de péssimo- pesassem em cada decisão.
Os anos 70 marcaram, de resto,
a transição de um modo francamente autoritário e retrógrado
no trato dos negócios de Estado
para o predomínio de uma visão
tecnocrática e modernizante.
Desse espírito, aliás, é testemunho o papel decisivo do empresário Olavo Setubal na configuração do moderno sistema bancário do país.
Por certo, conceitos como "cidadania" e "participação" não estavam ainda na agenda dos governantes. Dentro daqueles parâmetros, Setubal soube entretanto valorizar iniciativas de
convivência urbana -passeios a
pé, proteção da memória da cidade, abertura de espaços públicos- que viriam a ter importância crescente na cidade.
Ao mesmo tempo, um estilo
mais brusco e franco nas declarações -para nada dizer dos códigos de rigor no trato das finanças públicas- marca positivamente a comparação que se possa fazer de Olavo Setubal com a
maioria dos políticos atuais. Hoje se confunde, com efeito, a necessidade de sustentação eleitoral com a adoção de um discurso
quimicamente produzido com
vistas a agradar a todos e a não
significar nada para ninguém.
Sem ter revolucionado o modelo urbanístico pelo qual, ainda
hoje, São Paulo paga um alto preço, Olavo Setubal foi uma figura
pública de exceção -e suas qualidades, agora que vem a notícia
de seu falecimento, parecem
mais preciosas do que nunca no
cenário político.
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