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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
A vitória do bom senso
É um desastre quando assuntos
técnicos viram reféns de discussões ideológicas. Esse é o caso da soja
transgênica.
Pela voz dos cientistas que estudam
o assunto com as mais rigorosas metodologias disponíveis, ouve-se o seguinte: 1) a soja transgênica é segura
para o ambiente e para o consumo humano e animal (conclusão do 3º Simpósio de Biossegurança Latino-Americano de Produtos Transgênicos, que
reuniu 700 especialistas em Recife); 2)
nenhum produto alimentício no
mundo foi tão estudado quanto a soja
transgênica (Daniel Vidal, Universidade de Valência, Espanha); 3) a própria Organização Mundial da Saúde
dá respaldo ao uso da soja transgênica
(Juan Izquierdo, representante da
FAO para a América Latina).
A quem quiser se fartar de argumentos técnicos em favor do uso de sementes de soja transgênica, recomendo a leitura da sentença da desembargadora Selene Maria de Almeida, proferida no mês passado no Tribunal
Regional Federal da 1ª Região e que
autorizou o plantio.
A agência brasileira que trata desse
assunto -a ABTBio- já o estudou e
deu parecer favorável à soja transgênica, por não ter encontrado nenhum
indício de degradação do ambiente ou
causa de males nos seres humanos.
A União Européia, uma grande importadora de soja, há dois meses mudou a legislação e liberou a entrada da
soja transgênica para uso animal. A
China, que é o maior importador do
mundo, fez o mesmo. Nos dois casos o
que se exige é uma mera certificação.
Os produtores têm preferido a soja
transgênica -sem abandonar a tradicional- devido à forte redução dos
custos de produção (o uso de herbicidas é muito menor), que chega a 10%.
Ou seja, os produtores, os cientistas,
as agências da ONU (como a OMS e a
FAO), enfim, o mundo já aprovou os
transgênicos, menos certos grupos radicais do ambientalismo ambivalente,
que defendem teses pseudocientíficas
a pedido de interesses puramente econômicos de empresas, em geral multinacionais, que querem continuar vendendo herbicidas e outros produtos
que a genética está tornando dispensáveis.
O Brasil não podia ficar à mercê desses grupos. Com o seu radicalismo,
eles têm bloqueado severamente o desenvolvimento do país, citando como
exemplo os argumentos esdrúxulos
que são usados para proibir a construção de usinas hidroelétricas, termoelétricas e outras.
O Brasil está dando mais um show
na agricultura na safra de 2003. Ela será 25% superior à de 2002, chegando a
122 milhões de toneladas de grãos! Foram 25 milhões de toneladas adicionais -sendo a maior parte de milho
(12 milhões) e de soja (10 milhões).
A marca da nossa agricultura é a eficiência. Entre 1994 e 2002, a área plantada aumentou 13% e a produção,
62%. Só isso já atesta que os agricultores brasileiros não merecem ser perseguidos nem ficar na incerteza do que
plantar seis dias antes de começar o
plantio. Felizmente, o bom senso do
governo superou as trombetas ideológicas dos inimigos da ciência e do progresso.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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