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CARLOS HEITOR CONY
Lula na ONU
RIO DE JANEIRO - É natural que todos fiquemos orgulhosos quando o
presidente Lula passeia pelo exterior,
a trabalho ou a lazer, embora as duas
coisas pareçam uma só no caso de certos chefes de Estado. Esta semana, ele
foi à ONU, cumprir uma tradição. Entre os poderosos do mundo, não fez
má figura, embora não seja exatamente um poderoso.
Acredito que o homem comum brasileiro se identifique com o seu presidente em momentos assim. Política e
administração à parte, a presença de
um ex-operário, um sujeito que gosta
de frango com polenta e sabe o repertório do Lupiscínio Rodrigues é mais
do que estimulante. Nem todos podem chegar lá, mas houve um que
chegou e isso é mais do que um símbolo, é um apelo.
Além do mais, enquanto no front interno o presidente ainda não disse ao
que veio, decepcionando em diferentes graus todo o seu eleitorado e até
mesmo os que não votaram nele, mas
dele esperavam coisa melhor, toda vez
que viaja ele faz bonito, diz coisas sensatas que escreveram para ele e mesmo nos improvisos, que tanto o desgraçam aqui dentro, lá fora são pelo
menos divertidos.
E o mais importante: discursando
na ONU, Lula insistiu no Fome Zero
-e ali, sim, teve o auditório e o foro
adequados para uma campanha desse tipo. Do mesmo modo que se critica
asperamente o Fome Zero como projeto encampado pelo governo, que
tem por obrigação combater a fome e
a miséria por outras formas -e é pago para isso-, na ONU, um foro privilegiado onde devem caber essas e
outras idéias humanitárias e assistencialistas, o Fome Zero combina com os
propósitos daquela instituição, que
envia tropas de paz para regiões em
conflito e cobertores para vítimas de
grandes enchentes.
Lula faz bonito nessas horas e nesses
ambientes. E nos comove com a sua
simplicidade e a sinceridade com que
diz as coisas mais importantes que geralmente não são ditas entre os poderosos do mundo.
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