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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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CARLOS HEITOR CONY

Lula na ONU

RIO DE JANEIRO - É natural que todos fiquemos orgulhosos quando o presidente Lula passeia pelo exterior, a trabalho ou a lazer, embora as duas coisas pareçam uma só no caso de certos chefes de Estado. Esta semana, ele foi à ONU, cumprir uma tradição. Entre os poderosos do mundo, não fez má figura, embora não seja exatamente um poderoso.
Acredito que o homem comum brasileiro se identifique com o seu presidente em momentos assim. Política e administração à parte, a presença de um ex-operário, um sujeito que gosta de frango com polenta e sabe o repertório do Lupiscínio Rodrigues é mais do que estimulante. Nem todos podem chegar lá, mas houve um que chegou e isso é mais do que um símbolo, é um apelo.
Além do mais, enquanto no front interno o presidente ainda não disse ao que veio, decepcionando em diferentes graus todo o seu eleitorado e até mesmo os que não votaram nele, mas dele esperavam coisa melhor, toda vez que viaja ele faz bonito, diz coisas sensatas que escreveram para ele e mesmo nos improvisos, que tanto o desgraçam aqui dentro, lá fora são pelo menos divertidos.
E o mais importante: discursando na ONU, Lula insistiu no Fome Zero -e ali, sim, teve o auditório e o foro adequados para uma campanha desse tipo. Do mesmo modo que se critica asperamente o Fome Zero como projeto encampado pelo governo, que tem por obrigação combater a fome e a miséria por outras formas -e é pago para isso-, na ONU, um foro privilegiado onde devem caber essas e outras idéias humanitárias e assistencialistas, o Fome Zero combina com os propósitos daquela instituição, que envia tropas de paz para regiões em conflito e cobertores para vítimas de grandes enchentes.
Lula faz bonito nessas horas e nesses ambientes. E nos comove com a sua simplicidade e a sinceridade com que diz as coisas mais importantes que geralmente não são ditas entre os poderosos do mundo.


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