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ELIANE CANTANHÊDE
G20 do G20
BRASÍLIA - Em ondas, as regiões mais ricas do mundo sufocaram as
demais, os países mais ricos prejudicaram os vizinhos, os Estados mais
ricos contribuíram para a miséria
dos mais pobres dos países já mais
pobres. E a globalização, apesar do
discurso, só tem aprofundado o fosso.
Surge agora um movimento inverso. O tal pacto Sul-Sul se insubordina
contra a prepotência e os subsídios
agrícolas de EUA e União Européia.
Países como Brasil e Argentina começam a dizer não aos EUA e ao FMI. E
o Norte, Nordeste e Centro-Oeste do
Brasil arreganham os dentes contra
Sul e Sudeste.
Se Lula e Celso Amorim se arvoram
o direito de liderar o G20, que virou
G21 e já é G23 (tá certo, Rossi?), por
que os governadores nordestinos não
podem se aliar aos outros "miseráveis" para criar um G20 contra os poderosos brasileiros? A articulação faz
sentido. E já não era sem tempo. A reforma tributária é apenas pretexto,
ou questão de oportunidade.
No governo FHC, o presidente era
carioca por acaso, mas tão paulistano quanto o coração do ministério:
Serra, Sérgio Motta, Clóvis Carvalho,
Paulo Renato, os Mendonça de Barros, com ramificações no Rio (Malan,
Gustavo Franco e depois Armínio).
No governo Lula, o presidente é tão
pernambucano como FHC, carioca.
E o tripé que manda também é paulista: Dirceu (que nasceu em MG),
Palocci e Gushiken. Fora isso, cinco
gaúchos, mas só para lamber as feridas das eleições. E por enquanto.
O poder, pois, está entrando no décimo ano concentrado em São Paulo
e no Sul-Sudeste. E sem muita esperança de o governo do PT estabelecer
como prioridade destacar Norte,
Nordeste e Centro-Oeste no tal "espetáculo do crescimento". Se ele vier.
Na terça, Lula reúne todos os governadores. Não deve ouvir apenas os
tucanos Alckmin e Aécio, mas principalmente o resto. O G20 mundial
criou um impasse na OMC em Cancún. O G20 nacional pode criar um
monte de casos. Dos 81 senadores, 60
são do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Quem vai dar a cara final, por
exemplo, da reforma tributária?
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