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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

O selo de qualidade ao G20 Plus

SÃO PAULO - O G20 Plus, o grupo de países em desenvolvimento liderado por Brasil e Índia para tentar vencer o protecionismo agrícola dos países ricos, acaba de ganhar um selo de aprovação importante, por vir de um adversário de peso e por ser frontalmente contrário à visão crítica exposta pelos Estados Unidos.
Trata-se da avaliação de Pascal Lamy, comissário europeu para o Comércio, em exposição ao Parlamento europeu, na quarta-feira.
Diferentemente dos EUA, que acusaram o G20 Plus pelo fracasso da conferência de Cancún, Lamy prefere dizer que "todos fomos responsáveis". Depois, sobre o G21 (a designação mais frequente do grupo), diz que teve como um dos pais, o pai político, "o desejo de dar aos países em desenvolvimento uma voz na negociação com o suposto duopólio EUA/União Européia". A "mãe", sempre segundo Lamy, foi a questão agrícola.
O comissário europeu não ataca o "pai político". Apenas constata que "a coalizão é uma expressão do desejo dos grandes países emergentes de deixar sua marca em debates internacionais. Não o conseguiram no debate na ONU sobre o Iraque, mas, em Cancún, sobre comércio, conseguiram agir juntos".
O único ponto mais crítico na exposição de Lamy diz respeito ao caráter "defensivo" das propostas do G20 Plus. Mesmo assim, o comissário europeu reconhece como "legítimo, no contexto da OMC", esse tipo de comportamento.
Pena que o espaço não permite me alongar na análise feita por Lamy, brilhante por ser muito pouco enviesada. É quase um relato jornalístico do que ocorreu em Cancún, com a vantagem de ter sido escrito por um especialista muito competente e que, ao contrário dos jornalistas, estava no coração da negociação.
O que importa resgatar são duas coisas: primeiro, o reconhecimento por uma das duas grandes potências comerciais do valor político do G20 Plus; segundo, reaparece no imediato pós-Cancún a fratura entre Europa e Estados Unidos, comum na arena comercial.


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