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LEI ANTI-SPAM
Já há muito que os spams, as
mensagens, em geral publicitárias, que chegam aos usuários de
computadores sem que ninguém as
tenha solicitado ou autorizado, se
tornaram mais uma praga da vida
moderna. É justamente para tentar
contê-la que a Califórnia preparou
uma nova e radical lei anti-spam.
Embora spams possam parecer relativamente inofensivos, estão longe
de sê-lo. Os que deles se utilizam
costumam compará-los às malas-diretas que são enviadas pelo correio
tradicional. A diferença é que, no caso dos spams, quem paga a conta
não é o anunciante, mas o destinatário, que, no mais das vezes, nem foi
consultado para dizer se a propaganda é bem-vinda. No Brasil, por exemplo, cerca de 90% dos internautas se
conectam por telefone. Pagam, assim, pelos impulsos que gastam para receber as mensagens.
Mais do que isso, spams já respondem por mais de 40% do tráfego de
e-mails no Brasil. Provedores de
acesso, para dar conta da demanda
extra, adquirem novos equipamentos e repassam os custos para seus
assinantes. Num cálculo conservador, spams geram despesas de várias
dezenas de milhões de reais por mês.
A lei californiana, diferentemente
de várias de suas predecessoras, tem
uma chance de funcionar. O segredo
está em sua radicalidade. Mensagens
publicitárias só poderão ser enviadas
de ou para computadores na Califórnia caso o anunciante tenha uma autorização explícita do destinatário.
Na hipótese de não-cumprimento,
quem enviou o spam e também a
empresa "anunciada" ficam sujeitos
a uma multa que vai de US$ 1.000 por
cada e-mail enviado a US$ 1 milhão
por campanha. Para tornar as coisas
ainda mais rígidas, são considerados
parte legítima para iniciar um processo com base na lei não apenas o
Estado, mas também provedores de
acesso e usuários que tenham recebido mensagens não-solicitadas.
Como a Califórnia responde por
cerca de 20% do tráfego de e-mails
dos EUA e a lei diz que é responsabilidade de quem envia a mensagem
certificar-se de que não a está mandando para endereços eletrônicos de
residentes no Estado, especialistas
apostam que as restrições californianas irão se "nacionalizar". Restam
ainda, é claro, alguns buracos. Empresas sediadas fora dos Estados
Unido e que entreguem seus produtos via internet (caso da pornografia,
cassinos virtuais etc.) ou via correio
comum (farmácias on-line, produtos de informática) ainda poderão
abusar dos spams.
De todo modo, será preciso ver como as coisas vão funcionar na Califórnia e nos EUA após 1º de janeiro
de 2004, quando a nova lei deve entrar em vigor. Não se deve desprezar
a possibilidade de que ocorra uma
disputa judicial para tentar anulá-la.
Se os internautas californianos de fato conseguirem se livrar, ainda que
parcialmente, da praga dos spams,
estará demonstrado que a internet
não é assim tão avessa a regulações.
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