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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
2004: educação,
o fator decisivoChegamos ao fim de um ano duro. Felizmente, os futurólogos falam de tempos melhores em 2004.
Os dados da área internacional são
animadores. Os EUA parecem ter entrado numa rota de crescimento sólido na qual ganharão trabalhadores,
consumidores e empresários, com aumento de investimentos e empregos.
A virada no mercado de trabalho já
começou. O país está gerando cerca de
125 mil postos de trabalho por mês,
podendo chegar a 150 mil a partir de
janeiro. Os mutuários de crédito imobiliário substituíram os empréstimos
contraídos a 10% ou 12% ao ano por
empréstimos a 4% ou 5% anuais, como consequência da taxa básica de juros, que está em 1% ao ano.
Só esse refinanciamento liberará um
colosso de recursos para o consumo.
Aliás, o índice de confiança dos consumidores neste fim de ano saltou para 91,7%, subindo dez pontos percentuais em um semestre. Um recorde.
A animação dos consumidores é
propelida não só pelas baixas taxas de
juros, mas também pela redução de
impostos praticada pelo governo federal, em especial a do Imposto de
Renda. Os americanos começam a receber de volta o que pagaram em excesso no ano passado. Isso também
injeta enormes recursos no consumo
doméstico.
A desvalorização do dólar em relação ao euro está impulsionando as exportações em direção à Europa, o que,
evidentemente, ativa ainda mais a
economia americana. E, no médio
prazo, acabará ativando também a
economia européia, pelo efeito que terá na aceleração das reformas previdenciária, trabalhista e tributária que
estão em curso, elevando a eficiência
da Europa. O mesmo poderá ocorrer
com o Japão.
Em suma, o cenário internacional
desponta como risonho e franco para
2004. Infelizmente, isso não é sinônimo de prosperidade generalizada. O
boom americano e as boas perspectivas da Europa e do Japão acontecem
em um mundo onde os 20% mais ricos detêm nada mais, nada menos do
que 82,7% da renda, e os 20% mais pobres, mísero 1,4%. É uma selvageria,
que atinge o Brasil em cheio. Aqui, os
20% mais ricos têm 64,1% da renda e
os 20% mais pobres, 2,2%. Isso conspira contra o crescimento sustentado.
A desigualdade está sendo brutalizada pelo avanço da globalização. O que
fazer? Nesse campo, temos de ser realistas e, em lugar de simplesmente
protestar contra ela, observar e fazer o
que outros países -por exemplo, as
nações do Sudeste Asiático- fizeram
para tirar vantagem desse processo. A
educação foi a pedra fundamental.
Precisamos saltar rapidamente dos
4,5 anos de escola -que é a média de
educação da força de trabalho do Brasil- para gradativamente chegarmos,
em dez anos, à média dos Tigres Asiáticos. Só assim poderemos acompanhar as novas tecnologias e métodos
de produção e tirar vantagem deles
para, com isso, participar do espetáculo do crescimento mundial.
Com esse sonho em mente, torcendo para que o nosso país considere a
educação a principal prioridade desta
nação, desejo a todos os meus leitores
um Brasil mais responsável e próspero para 2004.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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