BRASÍLIA - Lula encomendou a todos os ministros um balanço por escrito das ações de suas áreas. A idéia é, em discurso no Planalto e, talvez, em pronunciamento pela TV, badalar os feitos e esconder os não-feitos do primeiro semestre do governo.
O risco de Lula é receber:
1 ) papéis em branco de Olívio Dutra (Cidades) e Benedita da Silva (Assistência Social), entre outros;
2) uma relação igualzinha às dos anos FHC da área econômica;
3) uma lista interminável de idéias fantásticas e nunca tornadas programas práticos, especialidade de Cristovam Buarque (Educação).
Publicamente, Lula desanca Judiciário, Legislativo e lideranças empresariais e sindicais. Internamente, seu alvo são alguns ministros -especialmente do PT. Tem dito, por exemplo, que, para fazer tudo o que Buarque anuncia aos borbotões, só se o Brasil tivesse "a população do Uruguai e o Orçamento dos EUA".
O ex-Lulinha paz e amor anda uma fera. Em reuniões no Planalto, reagiu irado ao saber de erros do governo apontados pela imprensa. Irado, diga-se, igualmente com os erros e com a imprensa. "De quem é a culpa? Do Fulano? Da Beltrana? Então demite", ameaça. Estilo Zé Dirceu, não o do Lula da campanha.
De todo modo, Lula fará um inventário bem positivo, bem animado, dos primeiros seis meses. Sem, claro, fazer referência às derrotas mais recentes: o Senado derrubou seu indicado para uma diretoria da ANP (a agência do petróleo), a comissão especial da Câmara aprovou, nos Estados, audiências que vão atrasar a reforma da Previdência e, por fim, a Anatel (agência de telecomunicações) deu de ombros à posição de Lula e mandou ver no reajuste das tarifas de telefonia. Quem fez o anúncio, aliás, foi o presidente de uma concessionária, a Telefônica.
No mais, Lula irá comemorar o fim do primeiro semestre remetendo toda a enorme esperança que o cerca -e ao seu governo- para o segundo. A partir de julho, avisa, começa o "espetáculo do crescimento".
Aguardamos todos, ansiosamente.


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